A negociata - segunda parte!

Havia começado, dias atrás, a trabalhar num artigo sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa, envolvendo os estudos disponíveis e material publicado nos meios de comunicação. Um artigo de discernimento. Debalde. Com as (re)formulações dos últimos dias , passamos da negociata ao logro. Explico cronologicamente.

Primeiro foi o salto a terreiro, em plena campanha eleitoral alfacinha, da “nova” abertura. Em suma, um recuo estratégico, compreensível à luz política, dirão alguns, mas minando com metástases a credibilidade e as boas intenções.

No passado fim-de-semana ficamos a saber que, a tal abertura, se projectava na realização pela CIP (confederação da indústria portuguesa), de um estudo sobre a localização em Alcochete. Falava-se também do alto patrocínio de alguns empresários para a realização de mais estudos. (Empresários = a boas intenções). Ainda a 16, ouviu-se na comunicação social que teria existido um acordo tácito entre o governo e a CIP para nem sequer se avançar para um estudo Portela+um. Nesta altura, ainda não se sabia que a CIP não estava sozinha (ou estava já?), a ela se juntava a (ACP) Associação comercial do Porto (também por aqui?), cujo presidente, Rui Moreira, escreve sobre o assunto, há vários meses e, por fim, a confederação do turismo português (CTP).

A 17, Domingo, Van Zeller afirma que as outras associações, ACP e CTP, afinal não faziam parte do projecto, devendo a CIP avançar sozinha, a pedido do governo. Como?
Ainda a 17, surge a questão, não apenas nos média mas em blogs como o Abrupto: mas afinal, se o governo já teria encomendado estudo alternativo à CIP (Alcochete), porque o escondeu nestes últimos meses? Ou terá surgido na última da hora? A questão é que ainda na sexta-feira, 15 de Junho, o governo desmentia qualquer “negociação” com a CIP.

Ainda no domingo, Rui Moreira em entrevista ao “Diga lá, Excelência” do PÚBLICO, Rádio Renascença (RR) e RTP 2, desmente a CIP e Mário Lino, relativamente à inexistência de negociações. Parece que em reunião entre Sócrates, Lino e o presidente da CIP, se achou “conveniente” ser esta apenas a avançar com projecto. Moreira afirma que foi “desconvidado”, mesmo depois de ter organizado uma apresentação no palácio da bolsa no Porto, onde também se sugeria o estudo da portela+um.

A 18, 2ªfeira, o governo desmente o presidente Van Zeller da CIP, sobre a “imposição” de ser apenas este o interlocutor (DN). No dia seguinte a esta trapalhada, o Sr. Lino afirma aos jornalistas que está fora de questão a Portela+um (em declarações à LUSA), por não estar na posse de estudos concretos. Estudos esses, que ele curiosamente nunca solicitou e, impediu, não permitindo sequer a hipótese. Gaffe? É para rir? Nesse mesmo dia, o Publico refere que afinal, o ministro “faz” que cede e “abre uma porta” a um estudo Portela+um. A ACP aproveita e diz que vai avançar. A 20, Quinta-feira é chumbada pela maioria, uma proposta de um partido da oposição, aliás apoiado por todos os outros, para se proceder pelo menos a um estudo da Portela+um. Nada. Mas afinal?... Vai avançar o estudo da ACP, ou não?

Ainda dia 20, o DN anuncia que a NAER (empresa pública responsável pelo novo aeroporto), promotora da OTA (como?) vai patrocinar estudo alternativo (Alcochete) a realizar pelo LNEC (laboratório nacional de engenharia civil). O governo vai canalizar dinheiro para esta, visto que a empresa não tinha previsto estudos alternativos. Quanto custa ganhar a eleição de uma capital?

De qualquer forma a negociata remete-nos para o logro. A mentira. Não se estuda para poder decidir. Mas para encobrir a decisão tomada. Basta consultar o site da NAER AQUI. Ao lado do bem-vindo ao novo aeroporto, surge a palavra OTA. Não admira que já se vendam lotes… E agora?

Comentários

Anónimo disse…
Também me parece a decisão estar tomada. A não ser que politicamente apareça novidade. As decisões deveriam assentar em opcções para o pais.
Anónimo disse…
Esta questão está cheia de coisas obscuras...
Rogeriomad disse…
(Escrevendo sorrateiramente)

Sim. Está cheia de questões secretas, ocultas e enigmáticas. Para reforçar a tua ideia...
Se fosse um filme, teria que estrear na sessão da meia-noite.
:P

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