Ratinhos da cidade...
Vidal:Braga, Janeiro
Vidal:Braga,Janeiro
Atente-se nas imagens. A projecção e a contextualização sócio/económica/política e cultural encontram-se aí desenhadas no espaço público. Num mundo de (des)informação, tecnologia, publicidade, marketing, velocidade e indiferença, encontramos, paradoxalmente (ou talvez não!), um retornar (efectivo, não apenas simbólico) ao espaço público e à expressão e comunicação mais básicas. Folhas de papel (acabadas à mão ou computador), de vários dimensões, publicitando literalmente tudo e mais alguma coisa.
Os exemplos na imagem, são de Braga, onde por vezes a cidade se encontra pejada, embora estejam sempre a ser retirados: Procuras (pedidos de Trabalho); ofertas de serviços, explicações, “passagem” de trabalhos, mudanças, limpeza, “tomar” conta de crianças, “passagem” de roupa a ferro, executar páginas WEB (cuja publicidade paradoxalmente se faz numa folha escrita a caneta, como se pode ver), entre MUITOS outros. Precisa-se: trolhas, pedreiros, indiferenciados, comerciais, distribuidores e afins e afins.
“Empresa em expansão”. Como? Por aqui, em expansão? Expansão da exploração. Passeios e romarias, peregrinações a Fátima, com oferta de bacalhaus e cabazes repletos de iguarias, electrodomésticos e demonstrações, surpresas…
Observa-se nada mais que uma representação do nosso “mundo” em pequenino: desemprego; flexiqualquer coisa; trabalho em casa; trabalho precário; complemento de salário; fuga ao recibo (porque de outra forma quase se paga para trabalhar); teletrabalho; economia paralela; entre outros. E desespero. É de desespero que falamos quando alguém se oferece para trabalhar em casa (lavar e passar a ferro) por alguns cêntimos a peça.
A cidade é um laboratório da realidade, mas seremos nós ratinhos?
Comentários
Ratinhos à procura de emprego/oportunidades... religiosos... e hoje em dia queremos todos ter uma página/blog na net.
Nesta realidade...
Salve-se quem conseguir...
Se não há controlo nem civismo toca a imprimir e a ir para a rua colocar cartazes...
Por vezes são tantos os cartazes colados uns em cima dos outros... que muitos edifícios já não precisam de isolamento... o pior é quando isso é feito nas caixas de electricidade ou noutro tipo de equipamento de controlo técnico municipal que necessita de visitas esporádicas e o povo fica a manhã a retirar cartazes e só depois é que consegue aceder ao pretendido!
Neste sentido não há nada a fazer...
Já existem alguns regulamentos municipais mas ninguém os faz cumprir...
Só quando vier um Decreto-Lei... com a fiscalização da ASAE... com multas pesadas para os porquinhos... e com muito grau de mediatização... e com um debate no prós e contras... é que esta realidade muda!
Somos atrasadinhos em tudo...
Gostei do último cartaz:
"Hora de chegada: Se Deus quiser pelas 21h00"
E se Deus não quiser?
Mas, como???
Como se pode ousar colar dúvidas perante Deus e sobre a sua vontade em chegarmos a um destino?
Há aqui qualquer coisa que não bate bem...
:)
quanto ao resto, um bom laboratório e barómetro socio/económico e cultural.
Ou se Deus não quiser, chega-se na mesma às 21h00 ;) Porque quem vem a conduzir é o condutor da ARRIVA e não ele... Se Deus Quiser... claro! :P
Só em Braga se encontra coisas dessas... Quando digo Braga... refiro-me ao Minho!
Tão religiosos que sois vós...