À descoberta de Alcoutim

Vista de Alcoutim para o GuadianaO relato da minha escapadinha a Alcoutim chega com demora, mas é com grande vontade que vos conto. Foi no 1º de Dezembro que aproveitámos para desanuviar as ideias e escolhemos (pois não fui sozinho) como destino Alcoutim. A viagem até lá foi tranquila, pouco trânsito no nosso sentido, ao contrário do que se verificava no sentido oposto. Uma boa estrada, uma bela paisagem (Baixo Guadiana e Nordeste Algarvio). Em menos de duas horas estávamos em Alcoutim.
Como turistas, perdidos numa vila que parece confundir-se com uma aldeia (aos poucos perde população e serviços. Será mais um concelho interior afectado pela desertificação? Não sei de estatísticas, mas sei do que vi… e parece que sim!), procurámos o Posto de Turismo. Será que existe? Existe, mas estava fechado, porque era feriado! Quando as pessoas têm disponibilidade para fazer turismo e visitar outras localidades, é quando estes fecham as suas portas!
“Já perdemos duas coroas”, disse a minha mãe.
Vamos ver se o Castelo está aberto? Está, sim senhor… Interior do Castelo de Alcoutim
No Castelo de Alcoutim podemos contemplar a fantástica paisagem sobre o Guadiana. Para além da beleza arquitectónica do monumento podemos encontrar no seu interior vários motivos para o visitar: uma exposição de tabuleiros e pedras de jogos do Castelo Velho intitulada “Jogos Intemporais”; um magnífico espólio arqueológico (todo catalogado); por último, podemos assistir, comodamente, a um filme de cerca de 20 minutos sobre a região e o concelho de Alcoutim.
Relativamente aos jogos, não deu para apontar as regras de todos eles, foi uma pena. Lembro-me de um, que despertou em mim algum interesse, o Jogo do Soldado, mas há ainda, os jogos do Alquerque, do Moinho e da Tabula (entre outros). Quanto ao espólio arqueológico, não quero avançar com pormenores com medo de cometer erros na sua análise, mas vale a pena visitar, pois todas as peças expostas estão catalogadas e com informação detalhada sobre a sua origem, época e funcionalidade.
No final da visita, a funcionária informou-nos que os bilhetes davam direito a visitar o Museu do Rio que se encontra em Guerreiros do Rio. Deixámos essa visita para mais tarde, e continuámos o nosso caminho pela vila.

Praia Fluvial de Alcoutim

Andámos, andámos e fomos ter à praia fluvial. Eu não tinha conhecimento desta praia (Bandeira Azul) e fiquei surpreendido com as condições naturais, actividades lúdicas e de lazer que ela pode oferecer. Apesar de não nos encontrarmos em plena época balnear, denoto que estávamos perante um belo local para gozaTrilho da Vidar de umas apaixonantes férias (na sua proximidade encontram-se a Estalagem do Guadiana e a Pousada da Juventude de Alcoutim). Nesta praia, encontrámos o chamado “LifeTrail”, e eu pergunto: porque não, o “Trilho da Vida”? Pois, o produtor/criador, certamente estrangeiro, não quis alterar o nome do conceito do seu negócio/invenção. Mas a sua denominação é um pormenor, o que convém realçar é o seu objectivo e funcionalidade. De facto, esta estrutura é uma óptima solução para oferecer qualidade de vida às populações. São com estes pequenos projectos que construímos locais ecologicamente sustentados. Muitos dos nossos autarcas deviam apostar na melhoria da qualidade de vida das populações, seguindo ou inspirando-se neste e noutros bons exemplos.
Já com o destino escolhido para passar as minhas férias 2007, trepámos até às Ruínas do Castelo Velho. Não foi de todo uma subida em vão, pois o meu olhar pôde contemplar uma fabulosa paisagem sobre o Guadiana e montes serranos sem fim, no entanto, não posso deixar de lamentar que ao verificar as ruínas, estas estavam num verdadeiro estado de ruína. Para além disso, a vegetação existente ocultava na totalidade aquele espaço arqueológico. Lembro, para quem não conhece, que este local encontra-se vedado para sua própria protecção (uma boa medida, não fosse algum habitante local ou forasteiro lembrar-se de retirar as pedras desse local para construir ou reforçar o muro da sua casa). Ao mesmo tempo que visitávamos este local, ao nosso lado, estava um “jovem” casal inglês maravilhado, e o “Mr. Qualquer Coisa” dizia, no seu verdadeiro inglês britânico:
“Ho! Great. This is a fantastic place. Why Portuguese people and English tourists not discover this Algarve?”
Como estava a falar para a sua mulher, não quis dar numa de atrevido (até porque falo Portuguenlish e eles não me iriam entender).
Entrada do Museu do Rio
A manhã já se arrastava para a tarde mas optámos por visitar o Museu do Rio antes do almoço. Foi sempre a descer, junto ao rio Guadiana, de Alcoutim até Guerreiros do Rio. Nesta viagem de cerca de 15 km podemos (eu posso! Pois não vou ao volante) contemplar um ambiente natural e uma paisagem encantadora. Onde será o Museu do Rio? Encontramos uma casa com um barco à entrada. Quem é que ia deixar um barco à porta de casa? Boa, é o Museu do Rio!
Novamente fiquei encantado, como é possível instalar um projecto destes, num local como este? Uma boa medida e mais coisas destas precisam-se! No panfleto que recolhi à entrada dizia: “Olhar o Guadiana por dentro”. Boa! vamos mergulhar no mundo etnográfico e virtual do Guadiana (pensava eu), "e com jeitinho ainda levámos peixinho para casa", completou a minha mãe.
A importância do rio nesta região é significativa na rotina diária dos seus habitantes, seja nas actividades piscatórias e no turismo. A seguinte frase, de Francisco Amaral, presidente da C.M. Alcoutim, é elucidativa desta realidade:
“O rio Guadiana desde sempre modelou e moderou toda a paisagem natural e humana deste recanto do Algarve.”
Assim, faz todo o sentido encontrar-se neste concelho um Museu dedicado às actividades em torno do Guadiana, essencialmente a Pesca. Conta com uma colecção de artes e utensílios pesqueiros oferecidos pela Universidade do Algarve. Este projecto contemplou, também, a elaboração de um catálogo sobre “As Artes de Pesca do Baixo Guadiana, editado pela Universidade do Algarve em Julho de 2001. No final, pude constatar, ao assinar o livro de visitas, que a maioria dos visitantes eram espanhóis (ou será que os portugueses não tem tempo para “escrever uns dizeres”?).
Estava na hora de almoçar, e a pergunta que se colocava era: onde almoçar? Regressámos a Alcoutim e fomos ao único restaurante que vimos aberto, o “Ti Afonso”. Cozido à portuguesa como prato do dia, e no final, como sobremesa, a famosa (digo eu, não sei) “Charrapa”. Não é nada mais do que, pão, amêndoa e ovos. Muito bom e bem docinho! A minha irmã que o diga, pois ela é que limpou o prato e ainda chorou por mais.
Durante a tarde, percorremos partes do roteiro do Nordeste Algarvio. Uma extensa rede de percursos pedestres que convida o caminhante a descobrir a serra algarvia. Para as famílias, que sempre procuram o Algarve durante as férias, aconselho que descubram este algarve e visitem Alcoutim!

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Links
Alcoutim:
www.cm-alcoutim.pt

LifeTrail: www.playworldsystems.com/lt/
Pousada da Juventude
Estalagem do Guadiana


Abraço e até uma próxima “Escapadinha”.

Nunca se esqueçam de flanar, tal como o nosso amigo
Vidal já teve a oportunidade de nos dizer: "vamos flanar".

Rogério
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