Alguns conceitos sobre Erosão Costeira
A Erosão Costeira está associada a um fenómeno essencialmente natural – a subida relativa do nível médio do mar (NMM). No entanto, os acontecimentos resultantes da intervenção humana no litoral (deficiência de sedimentos, desmantelamento de dunas e a assimetria na distribuição dos sedimentos devido à acção dos esporões, etc.) aceleram o processo da erosão costeira.
As principais causas para o aumento da erosão costeira são: a diminuição do fluxo de sedimentos transportados pelos rios/ribeiros, pois ficam retidos nas albufeiras das barragens; excessiva exploração de areias nos estuários dos rios; destruição sistemática das dunas litorais, devido ao avanço do NMM, à construção em zona costeira e ao constante pisoteio por parte das populações e veraneantes; modificação sensível do regime de ondulação costeira, pela construção de obras portuárias e de protecção sem um estudo de avaliação do impacto ambiental.
Para minimizar os efeitos da erosão e no sentido de estabilizar a linha de costa, podem ser tomadas diversas medidas.
No que se refere às medidas de carácter mais leve, e por isso, mais amigas do ambiente, passam pela protecção e estabilização das dunas, utilizando vegetação e estruturas de estacas (ver exemplo da praia da Manta Rota e Parque Dunar de Matalascañas) e pela dragagem de areias no alto mar e sua deposição em zona de praia (como ocorreu recentemente em Vale do Lobo). O inconveniente deste tipo de intervenção prende-se com o seu elevado custo, uma vez que precisa de ser repetido periodicamente.
Em termos de estabilização pesada, do qual requerem grandes obras de engenharia, existem estruturas transversais e perpendiculares à costa:
As obras construídas transversalmente à linha da costa, tipo esporão, interrompem o trânsito litoral de areias. Estas acumulam-se contra o esporão, no lado montante (barlamar). Devido a esta retenção de areias, verifica-se um aumento da erosão na zona a jusante da obra, fazendo-se sentir estes efeitos, por vezes, a dezenas de quilómetros do local onde a estrutura foi construída (as praias do Forte Novo, Trafal e Vale do Lobo, praias a jusante do porto e esporões de Quarteira, a praia de Matalascãnas (Andaluzia, Espanha), praia a jusante do Porto de Mazagón, e as praias adjacentes da Costa da Caparica, são exemplo disso).
Como consequência desta realidade, verifica-se a tendência para que estas estruturas se multipliquem, devido à elevada potencialidade de degradação do litoral a jusante (sotamar).
Quanto às obras longitudinais à costa (paredões, enrocamentos), as consequências negativas não são tão óbvias como as dos esporões. Quando os paredões são construídos ao longo da costa litoral, cujo avanço do NMM está afectar campos dunares, essas estruturas impedem, por si próprias, que uma importante fonte de areias possibilite a evolução natural desse litoral. Sem esta reserva natural de areias que era constituída pelas dunas, a praia frontal ao paredão torna-se menos densa e mais sensível à erosão, principalmente durante as marés vivas de Inverno, ocorrendo assim, com frequência, investidas do mar sobre os campos dunares. (ver fotos).
Existem ainda as obras de protecção não aderentes, destacadas (tipo quebra-mares). Estas não têm sido muito utilizadas no nosso país. Os quebra-mares são construídos em mar aberto e têm como função diminuir a força erosiva das ondas, de modo a que a linha de costa não esteja tão exposta à sua acção. Na praia de Vale do Lobo (Algarve), Van Gelder pretende construir uma ilha, a Nautilus Island, que para além de mais um projecto turístico terá a finalidade de proteger a praia de Vale do Lobo e respectivas edificações que se encontram no topo das arribas. Este será um tema a tratar isoladamente noutro artigo.
Formação de corpos dunares litorais: As zonas costeiras são áreas onde podem surgir naturalmente campos dunares visto que, geralmente, aí coexistem as três características principais: existência sedimentar em areias; espaço suficiente para o vento deslocar esses sedimentos; e áreas onde esses sedimentos podem ser acumulados.
A deposição das areias transportadas pelo vento ocorre quando este perde velocidade e, consequentemente, capacidade de transporte. Esta situação verifica-se geralmente quando existe um obstáculo como, por exemplo, vegetação. A vegetação desempenha um papel determinante nos corpos dunares, pois além de promover a deposição das areias, contribui para a estabilização das dunas, impedindo a mobilização das areias mesmo quando o vento atinge velocidades elevadas (Carter, 1988 in Célia Duarte, 1999).
Factores de Vulnerabilidade Dunar: As dunas são corpos dinâmicos com capacidade de reagir às diversas pressões excercidas. No entanto, quando as estas são muito elevadas ou de carácter prolongado, o sistema pode atingir estados de degradação irreversíveis. Existem uma série de factores que, isoladamente ou em conjunto, contribuem decisivamente para a ocorrência de degradação dunar:
No que se refere às medidas de carácter mais leve, e por isso, mais amigas do ambiente, passam pela protecção e estabilização das dunas, utilizando vegetação e estruturas de estacas (ver exemplo da praia da Manta Rota e Parque Dunar de Matalascañas) e pela dragagem de areias no alto mar e sua deposição em zona de praia (como ocorreu recentemente em Vale do Lobo). O inconveniente deste tipo de intervenção prende-se com o seu elevado custo, uma vez que precisa de ser repetido periodicamente.
Em termos de estabilização pesada, do qual requerem grandes obras de engenharia, existem estruturas transversais e perpendiculares à costa:
As obras construídas transversalmente à linha da costa, tipo esporão, interrompem o trânsito litoral de areias. Estas acumulam-se contra o esporão, no lado montante (barlamar). Devido a esta retenção de areias, verifica-se um aumento da erosão na zona a jusante da obra, fazendo-se sentir estes efeitos, por vezes, a dezenas de quilómetros do local onde a estrutura foi construída (as praias do Forte Novo, Trafal e Vale do Lobo, praias a jusante do porto e esporões de Quarteira, a praia de Matalascãnas (Andaluzia, Espanha), praia a jusante do Porto de Mazagón, e as praias adjacentes da Costa da Caparica, são exemplo disso).
Como consequência desta realidade, verifica-se a tendência para que estas estruturas se multipliquem, devido à elevada potencialidade de degradação do litoral a jusante (sotamar).
Quanto às obras longitudinais à costa (paredões, enrocamentos), as consequências negativas não são tão óbvias como as dos esporões. Quando os paredões são construídos ao longo da costa litoral, cujo avanço do NMM está afectar campos dunares, essas estruturas impedem, por si próprias, que uma importante fonte de areias possibilite a evolução natural desse litoral. Sem esta reserva natural de areias que era constituída pelas dunas, a praia frontal ao paredão torna-se menos densa e mais sensível à erosão, principalmente durante as marés vivas de Inverno, ocorrendo assim, com frequência, investidas do mar sobre os campos dunares. (ver fotos).
Existem ainda as obras de protecção não aderentes, destacadas (tipo quebra-mares). Estas não têm sido muito utilizadas no nosso país. Os quebra-mares são construídos em mar aberto e têm como função diminuir a força erosiva das ondas, de modo a que a linha de costa não esteja tão exposta à sua acção. Na praia de Vale do Lobo (Algarve), Van Gelder pretende construir uma ilha, a Nautilus Island, que para além de mais um projecto turístico terá a finalidade de proteger a praia de Vale do Lobo e respectivas edificações que se encontram no topo das arribas. Este será um tema a tratar isoladamente noutro artigo.
Formação de corpos dunares litorais: As zonas costeiras são áreas onde podem surgir naturalmente campos dunares visto que, geralmente, aí coexistem as três características principais: existência sedimentar em areias; espaço suficiente para o vento deslocar esses sedimentos; e áreas onde esses sedimentos podem ser acumulados.
A deposição das areias transportadas pelo vento ocorre quando este perde velocidade e, consequentemente, capacidade de transporte. Esta situação verifica-se geralmente quando existe um obstáculo como, por exemplo, vegetação. A vegetação desempenha um papel determinante nos corpos dunares, pois além de promover a deposição das areias, contribui para a estabilização das dunas, impedindo a mobilização das areias mesmo quando o vento atinge velocidades elevadas (Carter, 1988 in Célia Duarte, 1999).
Factores de Vulnerabilidade Dunar: As dunas são corpos dinâmicos com capacidade de reagir às diversas pressões excercidas. No entanto, quando as estas são muito elevadas ou de carácter prolongado, o sistema pode atingir estados de degradação irreversíveis. Existem uma série de factores que, isoladamente ou em conjunto, contribuem decisivamente para a ocorrência de degradação dunar:
- A pressão antrópica sobre o corpo dunar;
- A exploração de areias, na praia e campos dunares, é co-responsável pelo desequilíbrio do balanço sedimentar;
- O excessivo pisoteio e pressão de veraneantes conduzem à degradação da vegetação tornando o sistema mais frágil;
- A ocupação dos sistemas com os mais diversos tipos de estruturas, como casas, hotéis, urbanizações, apoios de praia, parques de estacionamento, etc, são factores que conduzem à mais rápida degradação dos cordões dunares. A existência destas estruturas impede as trocas sedimentares com a praia e afecta toda a dinâmica litoral. Além disso, tais estruturas, promovem um aumento do número de visitantes e banhistas com a consequente degradação da vegetação, tornando-se estes locais insustentáveis.
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Bibliografia:
- AGRELO, Eduardo; MADEIRA, Rogério (2003) - "Erosão Costeira em áreas de oferta turística balnear: Quarteira – Vale do Lobo e Isla de Tenerife"; Universidade do Minho, Guimarães.
- ANDRADE, C. (1997) – “Dinâmica, Erosão e Conservação das Zonas de Praia”, Com. Exposição Mundial de Lisboa de 1998, Lisboa.
- CORREIA, F; FERREIRA, Ó; DIAS, A (1997) – “Contributo das Arribas para o balanço sedimentar do sector costeiro Quarteira-Vale do Lobo (Algarve-Portugal)”, Seminário sobre a zona costeira do Algarve, Eurocoast, pp. 31-39.
- DUARTE, Célia (1999) – “Aplicação de uma lista de controlo de Vulnerabilidade a alguns sistemas Dunares do Algarve”, Universidade do Algarve, Faro.
- FILGUEIRA, Pedro – “A Gestão da Zona Costeira”, Seminário A Zona Costeira e os Problemas Ambientais, Eurocoast, Aveiro, 1991, pp. 211-219.
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Bibliografia:
- AGRELO, Eduardo; MADEIRA, Rogério (2003) - "Erosão Costeira em áreas de oferta turística balnear: Quarteira – Vale do Lobo e Isla de Tenerife"; Universidade do Minho, Guimarães.
- ANDRADE, C. (1997) – “Dinâmica, Erosão e Conservação das Zonas de Praia”, Com. Exposição Mundial de Lisboa de 1998, Lisboa.
- CORREIA, F; FERREIRA, Ó; DIAS, A (1997) – “Contributo das Arribas para o balanço sedimentar do sector costeiro Quarteira-Vale do Lobo (Algarve-Portugal)”, Seminário sobre a zona costeira do Algarve, Eurocoast, pp. 31-39.
- DUARTE, Célia (1999) – “Aplicação de uma lista de controlo de Vulnerabilidade a alguns sistemas Dunares do Algarve”, Universidade do Algarve, Faro.
- FILGUEIRA, Pedro – “A Gestão da Zona Costeira”, Seminário A Zona Costeira e os Problemas Ambientais, Eurocoast, Aveiro, 1991, pp. 211-219.
Por último, deixo-vos "Dois dedos de Conversa" (in Notícias Sábado, 16 Dezembro 2006, p. 14) do Prof. João Alveirinho Dias.
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