TERTÚLIA: Mas Afinal O Que Não É...
Há uns tempos recebi via E-mail um vídeo, onde se discutia (muito fashion) o aquecimento global. O geógrafo físico (ele prefere assim) que enviou o mail, insurgia-se contra a expressão "aquecimento global" afirmando que os geógrafos sabem não se tratar de aquecimento mas de "variações climáticas" (que não são de hoje). No fim remata com a previsão, a prazo, de um "fresquinho duma glaciação" futura…
O tal "que não são de hoje" recordou-me um artigo lido numa revista, em que um sociólogo/pensador/professor, referia que os ditos fenómenos de "aquecimento global" surgiram ou acentuaram-se com, e depois da revolução industrial. Disse "direito" mas por linhas tortas: As alterações climáticas não são, de facto, de hoje, evidenciaram-se com o sedentarismo do homem, a agricultura, as queimadas…as primeiras cidades, e aceleraram freneticamente, com a INDUSTRIALIZAÇÂO do séc XVIII, XIX (os geógrafos preferem assim). Essa nova ordem industrial, social, económica, mundial, tecnológica, migratória, deslocalizada ou concentrada, esse novo sistema-mundo (hoje Globalização), foi e é, estudado, teorizado, interpretado, criticado, (e muitas vezes complicado) por Geógrafos. Geografia Humana, física, industrial, económica, demografia, mais recentemente Geo da percepção, saúde, localização de actividades…etc.
A guerra-fria ou a "quente"não vive sem o geógrafo, assumindo este muitas vezes um papel ingrato e condicionador. Que seria hoje do planeamento, da planificação estratégica, sem os manuais e os ensinamentos (tácticos e estratégicos) da guerra? A própria CIA guarda um lugar de honra (honorário) ao geógrafo, pelo seu papel no passado e importância no presente e futuro.
Que dizer das cidades, como as perceber, senão interpretando o território como um todo? E os centros históricos, enclaves de gentrificação, eventos, turismo, condenados à SIMULAÇÃO de si próprios e despovoados; ou centros simbólicos, sim, mas também sociais, comerciais e dinâmicos?
No microcosmos de uma rua do centro, tantas histórias para contar. O sentido de lugar, as mudanças temporais e físicas. A sobreposição de espaços, dimensão abstracta (espacialidade) resultante da sobreposição de signos, vivências, estórias… Neste particular a rua assume várias personalidades: noite-dia; semana/fim-de-semana; espaço de vivência/centro turístico…
Mas afinal o que não é GEOGRAFIA?...
Este espaço é de e para todos. Podem e devem comentar. Os comentários pertinentes e audazes, habilitam-se (quem sabe?) a aparecer como artigos da tertúlia.Tentem!
Comentários
"A Arquitectura desenha e a Engenharia molda a Geografia..."
(entres aspas porque penso que isto já não é novo)
Uma vez ouvir dizer que a paisagem é Arquitectura! Eu diria que não...
A paisagem é muito mais vasta que simples arquitectura... Seria mais correcto dizer que a paisagem é Geografia... Na paisagem encontra-se tudo aquilo que é estudado pela Geografia. Pode não ser visto a olho nú... mas sabemos que lá está!
Vidal...
Tudo o que dizes está correcto...
E é muito complicado responder ao que perguntas. Podemos ter em conta a pergunta de uma forma séria, descontraída, realista, surrealista, etc... e penso que todas as respostas nunca estarão erradas, serão sempre válidas!
Ontem vi um filme de ficção científica e pensei em falar do espaço criado pela mente das pessoas. De que forma uma realidade imaginária é Geografia?
É Geografia ou "Imageografia"?
ahah
Pensamentos vagos que devem ser amadurecidos num debate entre amigos numa esplanada e beber uma fresquinha... ah Saudades! Isso sim é Geografia...
falar sobre a geografia, no caso potuguês, também é esclarecer, ou, pelo menos, dar uma ideia...
"Vamos encostar o povo à parede e apedrejá-lo de forma a que as pedras não regressem..."
ahah
Abraço