Simplificação, simplismo, simplex, simplórios

Dizer que não há alternativas,
como dizer que ou "isto" ou "aquilo",
é inquinar o debate que dizem defender e o qual propalam, olhando para o lado de lá da barricada, granjeando autoridade, a credibilidade democrática, a politiquice correcta, a facécia e a empáfia - são todos muito bons, não são?!! - , estar a querer promover.
 
Há alternativas:
 
a) não escolher nem isto,
b) nem aquilo,
c) não escolher,
 
e AINDA,... E AINDA!... (diria o sr. 1 2 3)
 
d) escolher outra coisa que esses que inquinam o debate não nos apresentam.
 
E ainda há mais. Mas pelo menos estas, há-as!
Mas omitem, simplificam, estupidificam, massificam e descefalizam.
 
Para nos fazerem crer que não há nada a escolher.
E então vamos pra casa, de rabo entre as pernas a ganir au au, e deixando-os à vontade para os mesmos de sempre fazerem o joguinho do costume.
 
Porque são sempre os mesmos a moderar o debate?
Porque são sempre os mesmos a impor os temas e as ideias e os sistemas e os modos como nós havemos de funcionar?
 
Simplificar é o verbo predilecto dos simplórios.
E todos vamos embarcando na facilidade do raciocínio, na facilidade no trabalho, na facilidade nas refeições, nas tarefas e nos procedimentos, no trato, nas consultas, nos estudos e nos relacionamentos, na educação, na chamada para a concertação social, no hastear de bandeiras, nos discursos, na oposição e nas respostas aos opositores...
Ah!, que delícia, a predisposição para errar.
E errar sempre!
 
A falta de exigência é uma cultura que se cultiva com grandes doses (ou até pequenas...) de desleixo, incúria, desprezo, desinteresse, preguiça e omissão.
 
E já que nada vale a pena, para quê lutar, não é?
Porque haveremos de lutar, por que coisa? 
Que umbiguismo foi que perdemos, até, para desistirmos de nós próprios e daquilo que nos diz respeito?
Quanta fome faz falta para nos pôr a mexer?
Quanta ânsia de escapar ao deserto intelectual nos falta, ainda, para recusarmos de vez este cansaço, esta modorra, esta dormência, esta opulência do vazio, esta ilusão de grandeza que não passa de Kwashiorkor?
 
Enquanto quisermos eleger líderes que nos representem, facilmente os que os queiram derrubar os procurarão e, como muitas vezes foi feito, assassiná-los-ão.
Que assim - fôramos nós a criar os nossos próprios becos - uma vez escalpelizados ou decapitados os movimentos ditos emancipadores, as ovelhinhas, como criancinhas atrás dos doces ou dos burrinhos atrás das cenouras, ficam logo órfãs, desorientadas e com uma vontade imensa de se suicidarem.
Ou, como já aconteceu e vai voltar a ser, ficam com uma vontade imensa e - sem hipótese, nem alternativa - a seguir o próximo... líder... que aparecer.!
E não sairemos disto.
 
Assim se chama à arte de ter errar sempre.
 
Sim, é difícil.
Sim, é exigente.
 
O abandono massificado, o tal de "eu por aqui e tu por aí, e todos vamos" abandonar em bolo, requer muito trabalho e muita inteligência. Que cada um se erga e discuta. Tem de haver sempre a nobreza e a esperança da palavra e da discussão de igual para igual.
As desigualdades há-as, a mais, noutros domínios, mas "os velhos tiranos de há mil anos morrem como tu", hoje, ontem e a amanhã.
 
Beijemos a bandeira vigente,
ou
limpemo-nos à bandeira vigente,
 
 
a bandeira "novo acordo ortográfico".
 
 
Que o sangue deste trapo está a secar o verde que nele sempre foi menos abundante.
Sequinho, sequinho, facilmente arderá ao vento que vier!

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