O albedo não é um segredo

Capa de Albedo 0.39 (Lp, 1975, RCA), de Vangelis Papathanassiou


O conceito de Albedo, importante termo em Climatologia, traduz a proporção entre as radiações luminosas recebida e reflectida por um corpo não luminescente, ou seja, um corpo desprovido de luz própria. (Esses corpos podem ser planetas, como a Terra, satélites, como a Lua, ou outros (neve, nuvens...)

É um termo que aprendi pela primeira vez muito antes de o estudar nas aulas, pois o senhor Vangelis tem um álbum (de 1975) chamado Albedo 0.39, com cuja capa, aliás, me apeteceu começar este artigo. (É por estas e por outras que continuo a defender que a música nos pode ensinar muito...)

O número 0,39 (ponto é o que os saxónicos usam... nós, ao referir-nos a números decimais, usamos vírgulas...) é o mesmo que 39%. O albedo de um corpo exprime-se na grandeza de 0 a 1, ou de 0 a 100%. O 39% refere-se ao valor do albedo da Terra. Quer dizer que a Terra reenvia para o espaço 39% da luz que recebe.

É por exemplo o albedo da neve que nos obriga a usar óculos (se não quisermos ficar com queimaduras na retina), e não necessariamente a luz do sol, quando (se...) subimos a altas montanhas. Porque a neve tem um albedo muito alto. E o seu valor é mais alto quanto mais fresca ela for. Aliás, como podemos verificar numa tabela como esta, o albedo do gelo pode variar entre os 20 e os 40% e o da neve entre os 40% (se for antiga) e valores superiores aos 80% (se for acabadinha de cair). (Tomem atenção aos valores com que o asfalto se fica...)

O albedo depende, entre basicamente de 3 factores:
(um, relativo ao corpo emissor)
- da intensidade da luz,
(outro, relativo à posição entre o emissor e receptor)
- do ângulo de incidência,
(outro, relativo ao corpo receptor)
- do superfície do corpo que reflecte (ou não) essa luz.

É graças ao albedo que a Terra pode, por um lado (através das nuvens, que a filtram) proteger-se da radiação, ou, por outro, manter uma temperatura agradável (quando corpos escuros, com pouco albedo, retêm a energia recebida).


ver maiorO albedo da Terra
Imagem extraída de Visible Earth (NASA)


Da análise da imagem acima podemos perceber a importância do terceiro factor enunciado. As maiores taxas coincidem com partes do globo (no mapa não foram considerados a água, a Antárctida e parte da Gronelândia) que estão cobertas de corpos claros: neve, numas partes, areia, noutras. E a diferença entre ambas as áreas é também visível, com os extremos norte da Sibéria e da América do Norte num vermelho mais denso / carregado que o do deserto do Saara. E isso não é só por haver outros corpos nesta parte do norte de África, mas porque, vimo-lo acima, a neve reflecte mais que a areia.

E sobre o amigo albedo, para já, ficamos falados.
"Quem tem medo do albedo mau, albedo mau...?"


Este é um artigo introdutório a mais um estrato do livro de JRS, "O Sétimo Selo".

Comentários

Rogeriomad disse…
Aprendeste isto com o livro "O Sétimo Selo"?
Poxa, tenho de o ler...
Vê lá tu que nunca tinha percebido isto. E com a tua explicação agora está claro...

menos uma coisa:
"Quem tem medo do albedo mau, albedo mau...?"

Que é isto pá?
Trocadilho? Piada? Ironia? Gracinha? Excerto dos Mão Morta?
Edward Soja disse…
Ora bem... sem quebrar o mistério do próximo estrato - porque quanto mais o divulgarmos, tanto melhor.

O albedo não é nem bom, nem mau. A questão está nas condições (que mantemos ou que vamos / fomos criando) em que ele "funciona".

O albedo é cada vez menos um segredo, pelas piores razões. Porque as consequências da sua acção são cada vez mais preocupantes. E isto porque alterámos as condições em que ele funciona.

Quem tem medo do albedo? Não devíamos ter medo, porque é mais um elo na cadeia. Mas como já disse, agora é tempo de sofrermos as consequências...
Edward Soja disse…
Ah! Como Pedro gritava e já ninguém acudia, Pedro entrou em descrédito.

Até que o lobo mau veio mesmo para comer o Pedro.

Isto indica-nos que devemos escolher bem o momento de gritarmos por ajuda. E por agora me calo, que ainda não parece ser este, nem aqui.

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