País de Parolos (primeiro tomo)




Enquanto obras inúteis vão enruidando, regenerando, dizem, as ruas deste burgo que (nos) vai empequenecendo... 


Inúteis não são: 


- vão reduzir o número de viaturas automóveis, quer a circular, quer a estacionar, uma vez que o espaço será ainda mais condicionado -- por consequência, mais pessoas que se deslocam, pendularmente, da periferia (que cresce) para o chamado "centro" da cidade (que assim também vai crescendo, aumentando o vazio) se verão obrigadas a concluir: 


"Vem, parece que vou mesmo que meter as quatro rodas no parque" (do senhor que até esteve preso e tudo... não num dos seus, claro!) 


PAGA, PAROLO!!!! 


- servirão para dar vazão às toneladas de granito que um empreiteiro tinha lá acumuladas -- por as ter extraído do então tornado "espaço" onde se encaixa o novo estádio municipal de Braga, coisa pela qual se fez pagar e que a excelentíssima Câmara Municipal obviamente que pagou 


PAGA, PAROLA QUE NOS FAZES À TUA IMAGEM E DIZES REPRESENTAR-NOS 


--- toneladas de pedra, agora muito bonitinha e aplainada sob os nossos futuros pés cada vez mais de chumbo, que o senhor empreiteiro / construtor (só não revelamos o nome porque o desconhecemos: mas dizei se estes anónimos não deviam já ter um nome mais digno que "criaturas descendentes de progenitoras assalariadas à noite?) agora vende à... Câmara Municipal para as excelentíssimas e bacocas obras e ela, claramente nos seus propósitos, propalando o interesse público, picando o ponto, persiste em pagar: 


PAGUEMOS, PAROLOS, QUE É DISTO MESMO QUE NÓS GOSTAMOS (todos temos filhos e enteados nestas empresas corruptas que nos fazem à sua imagem e que, nós, orgulhosos, ostentamos ao peito e na cabeça desmiolada pelo tilintar batente do som sagrado do dinheirinho ao fim do mês e até algum, quanto mais melhor, por fora e nos entretantos...) 


E como o sector até está em crise (- talvez não seja o principal, mas o lugar que ocupe na lista permite-nos pensar um pouco nos factores e manifestações da mesma...), os mesmos concursos de sempre abertos às mesmas empresas de sempre, ditas locais, que podem, em polvorosa, dinamitar, cidades inteiras... economicamente, basta quererem, e elas, a acenar com os empregos, já aprenderam a lição dos governantes, governantes se tornaram, ouvem-nos a gritar


NÃO!! NÃO FAÇAIS ISSO


Daí...:


EMPREGA LÁ UNS CONSTRUTORES, COITADINHOS, QUE TÊM FILHOS PRA CRIAR E PÃO PRA DAR DE COMER


Ponto.


Estes são, à primeira olhada, os factores determinantes por que estas obras, abrigadas sob nomes bonitos e vazios, embora ruidosos, se fazem e vencem e vão sempre avante, imparáveis e alheios ao que dizem aqueles a quem vão afectar no quotidiano. Daí por diante. 


PORQUE APÓS O PAGAMENTO, PAROLO, O EMPREITEIRO PÕE-SE A ANDAR E VAI PREGAR PRA OUTRO LUGAR! PARA TRÁS DEIXA PAISAGEM... PARTIDA, FRACTURADA... CORRUPTA... (Deixa obra. À sua imagem, portanto.) 


"É assim que faz o empreiteiro!


Há anos. Nesta cidade.
Neste país.
Por extensão.
Betonizada.




(Mas não os culpemos, pobres coitados, porque há países com máquinas bélico-político-económicas que levam isto ao extremo: destroem para construir. E claro, fazem-se pagar. Aí está o ganho, embora não o único, maior do processo.)


E VOCÊ: PARTILHA?

Comentários

S. G. disse…
ainda um dia destes cantamos isto na adega transmontana, com o antónio braga (e maralha na sua companhia) no piso de baixo....foi um lindo momento de rebeldia da juventude avançada :)
Edward Soja disse…
Porque talvez seja Património Comum da Humanidade... Bracarense.

Obrigado pela presença, amigo.
:)

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