Braga, cidade terceiromundista
Ao contrário do que por cá se vai fazendo, há já outra maneira de pensar a componente física das cidades.
Quando aqui há uns anos, numa reportagem ou em crónicas opinativas, ouvimos turistas a criticar Benidorm e o Holegarve, pensámos que, sim, finalmente, algo começa a mudar na cabeça de quem realmente alimenta o erro.
A verdade é que um organismo morre se deixarmos de o alimentar.
É uma inacção que tem consequências efectivas.
E que vêm contra todas as propagandas que por todo o lado nos incitam ao consumo.
A economia é inseparável da destruição a que temos assistido, da destruição de que temos sido, directa ou por tabela, os únicos responsáveis.
Desde que começámos a basear o dito desenvolvimento (vulgo "crescimento") na exponenciação da produção e do consumo.
"Seja original: consuma isto!"
"Atreve-te a experimentar"
...
e demais alegrias sempre infecciosas que grassam pela publicidade que nos invade por todos os poros do nosso ser...
Bem, íamos a dizer que pouco tempo depois estavam previstas não sei quantas camas (gostam tanto de escolher palavras bonitas, inócuas e obscurecedoras para calar possíveis críticas e críticos) para o litoral alentejano.
E, portanto, o problema da sobreconstrução e do alcandoramento do betão e do cimento que ao que parece alguns começavam já a criticar, e dos quais urge afastar-nos de vez (assim mudem as concepções dos turistas e do turismo, que se quer mais inteligente, ou, dito não massificado) ia, apesar dos erros já cometidos, continuar a multiplicar-se por ali e por ali.
Os inteligentes na linha da frente...
É como os também países do terceiro mundo, que almejam o nível de poluição dos ditos evoluídos. Claro, caramba, eles também têm direito! Vamos agora nós andar a criticá-los porque, se formos a ver bem, eles não devem mesmo querer isso.
"Não querem pensar melhor?", parecemos estar a dizer...
Isto significa que os que já erraram, já sabem qual é o erro e não o desejam a ninguém.
E isto significa também que os que ainda não erraram não puderam ou não quiseram aprender com os erros que os primeiros cometeram.
Pois... a velha história:
os que querem, não podem,
os que podem, não querem
ou, transmutadamente,
os que querem, não sabem,
os que sabem, não querem...
Mas, caramba!, basta analisar e perceber o que se passa para empreendermos as mudanças, simples, mesmo que custosas (mais em dinheiro e intervenção urbana que propriamente em vontades e esforços colectivos), que urgem.
Deixemos a terra respirar.
Aumentemos a concentração vertical das águas.
Aumentemos a sombra, o verde, diminuamos o aquecimento, aumentemos a evaportranspiração, reduzamos o desperdício, aproveitemos (não melhor, sequer, mas... de facto) o valioso recurso que aqui cai, penico do céu assim transformado em latrina. "Há já muito tempo irrespirável..."
Diminuem os custos.
(Ah, era isto que queríeis ouvir... ok, daqui cópi, ai guétit...
Parolos somos...)
Vejamos o vídeo e alimentemos a esperança.
Ou a esperança de ficarmos... à espera que algo mude nas nossas cabeças atrasadas de terceiro mundo em que ainda nos atolamos.
Braga incluída, obviamente.
Na linha da frente.
Parabéns, Filadélfia
Esta é a pólis que vale a pena.
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