Fotografia a arder

Nos primeiros sete meses do ano, arderam cerca de 21 mil hectares de floresta, três vezes mais do que em igual período do ano passado, revelam os dados provisórios da Autoridade Florestal Nacional. Na Europa, o panorama é idêntico.

Notícia de ontem, 10/08/09, aqui.


Com a perda do equilíbrio (é certo que a máquina da Gaia consiste num equilíbrio sempre precário que origina, por si, todas as transformações do dia-a-dia...), é normal uma maior frequência dos extremos. Enormes cheias pós-períodos de pouca pluviosidade e incêndios de grande magnitude são dois sinais (e riscos, também) desse desequilíbrio.

Ontem, nas notícias das 17h na Antena 2, a notícia foi dada de maneira um bocado diferente. Pelo que a ideia com que fiquei foi outra. Disseram que a área ardida na Europa até ao momento era já superior à área total do ano passado. Primeiro ponto, que este extracto não contradiz.

Mas ao referir-se à situação interna a jornalista disse que até ao momento Portugal não estava mal na fotografia. Ora, uma das duas informações não é verdadeira.

Mas assumindo esta notícia como verdadeira, logo pensei:

Estão a escamotear a verdade.
Porque é que não precisam que "esse sorriso na foto" se deve às condições climáticas que, até ontem (a esta hora, 15h, o IM regista 35º em Braga e 37º em Lisboa), não nos têm incomodado a pele? Ou porque não têm em conta que há cada vez menor área por arder (a alteração do uso de solo, a construção controlada e prevista pelos poucos que vão decidindo, os incêndios do passado... reduzem em grande escala o que aguarda as chamas)?


Se estamos bem, pensamos que é por levarmos a cabo um esforço pela limpeza, manutenção das matas, pelo ordenamento das florestas, pela recuperação de espécies e das áreas ardidas?

Humm... faltam-me informações que façam pensar que é por isso.

Deixemos que nos entretenham assim!
Há demasiado tempo que estamos mudos e quedos.
E com um sorriso estúpido na fotografia.

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