Sabor Livre - 1: O Encontro


O II Encontro pelo Sabor livre juntou nos passados dias 10 e 11 de Março gente de vários pontos. (Leia o programa do evento aqui) O Georden esteve lá. Além de portugueses, a maioria, contou com a participação de alguns espanhóis, franceses e belgas. Unidos pela defesa de um património natural singular que o vale do Sabor representa, não só na Península Ibérica mas à escala global. E quando se diz património natural diz-se património biológico e geológico.

Diamantino Ínsua Pereira, geólogo e docente na Universidade do Minho (ver bibliografia científica), que é das pessoas que mais bem conhecem a geologia de Trás-os-Montes, defende que o rio Sabor, por escavação remontante (em termos mais simples, uma erosão que vai retrocendo, em direcção à nascente), terá captado o rio Douro quando este drenava para o interior da Península. Para além dessa tese, as ocorrências rochosas da zona são de enorme importância. Um autêntico laboratório vivo onde se encontram testemunhos únicos que nos permitem entender processos da famosa teoria da tectónica de placas de Wegner.

A organização teve como face visível a associação ambiental Aldeia e, quanto a nós (porque nem tudo são flores), pecou em dois aspectos, a saber:
1º. - um evento que pretende valorizar e defender uma verdadeira mais-valia para a região e para o país que não envolva a população local não a aproxima nem desfaz a incompreensão que possa sentir. O que torna inglório os intentos mobilizadores por uma causa que é justa.
2º. - a descida em canoa deveria ter sido mais bem planeada. Os participantes deveriam ter efectuado o percurso de cerca de 20 kms (entre a ponte de Remondes e Sto. Antão da Barca) em grupos de não mais de 10 pessoas, sendo que cada um deveria ser acompanhado por 2 monitores para os apoiar. Assim se teriam evitado os enormes atrasos ocorridos, com pausas muito longas e algumas desistências pelo caminho…

À partida (ao longe, a ponte de Remondes)


A passagem da noite foi animada pela presença de Paulo Meirinhos, importante gaiteiro dos Galandum Galundaina. O lugar de Sto. Antão da Barca é magnífico, como pudemos ter tempo para “respirar”. No entanto, em toda a sua margem esquerda, aquela que dali podemos avistar, tem uma plantação de eucaliptos, “ordenada” por um senhor que, segundo disse um local, tem a maior quinta acima do Mondego. Eucaliptos no Sabor!! Um exemplo peremptório do que NÃO se deve fazer. A estupidez tem consequências destas…
As palavras não valem muito ao descrever paisagens, mas, estando lá, é inimaginável aquela gigantesca área debaixo de água.
O lugar de Sto. Antão da Barca é um lugar de culto religioso, com velha tradição de reunião e festa das populações locais. A capela, a única numa extensão de muitos quilómetros, além do valor do seu conteúdo, representa todo um património antropológico, vivido e sentido, que faz parte das pessoas, e que é insubstituível.
Nas paredes podem ver-se marcas de pintura que, segundo dizem, era uma prática remota.



Pormenores do interior da Igreja de Sto. Antão da Barca

Na tarde de domingo houve palestras onde se falou da causa, da plataforma, do rio e da necessidade de cuidarmos de um património que a todos pertence e que alguns querem destruir. Mas em relação a isso falaremos nos próximos artigos sobre o Sabor.

Ligação

Comentários

Pedro Morgado disse…
A barragem do Baixo Sabor é um erro enorme. Estou convencido de que o projecto avançará.

Para mal daquelas terras e daquelas gentes.
Pedro Morgado disse…
A barragem do Baixo Sabor é um erro enorme. Estou convencido de que o projecto avançará.

Para mal daquelas terras e daquelas gentes.

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