Em pano de fundo...

Nas minhas deambulações noctívagas pela caixa colorida, vulgo zapping, pude enriquecer-me com notícias deste mundo mundano em que vivemos.
Comecei pela Aljezeera, que, coisas da globalização, está, para gáudio de quase todos, acessível em inglês, o imposto esperanto.

Uma reportagem sobre um vulcão de lama na Indonésia. Ao que parece, tudo começou com a prospecção de gás por parte de uma multinacional. Resultado: as perfurações libertaram a pressão e agora a lama vai saindo. Em pouco tempo, casas foram ficando submersas na lama. E as pessoas, assim despojadas, tentam sobreviver. O material não é tóxico, mas, dada a sua quantidade, os ecologistas temem pelos impactos no ecossistema. Porque estão a escoar a lama directamente para o oceano. Alguns prevêem que a “fonte” brote durante uns 30 anos. Outros, defendem que pode continuar por 10 vezes esse período.

Outra reportagem, sobre os campos de ópio no Afeganistão. O ministro Armid Kharzai prometeu condições de vida, casas e saúde, mas muita gente tem de viver da cultura do ópio, cultura que, aliás, a sua religião proíbe. “Se encontrarem um militar da ONU ou da OTAN, dir-lhe-á imediatamente que ali reside todo o problema, pois as receitas financiam os Taliban”. Mas é uma situação de desespero que leva as populações a isso.
O Afeganistão é, nestas coisas do global, o responsável por cerca de 80 % da produção mundial.

Outra, em Moçambique, no vale do Zambeze. Sobre uma fábrica de açúcar. Sobre populações que, por trabalharem nessa actividade, podem comprar roupas, livros e enviar os seus filhos para a escola. Mas, atenção, que, daqui a 3 anos, a tão democrática e “mundial” OMC, a milhares de quilómetros de distância, vai fazer triplicar o preço do açúcar, para impedir que ele chegue aos mercados europeus. É também por razões como estas que vemos vagas de milhares de imigrantes a “invadirem” os países ricos. Mais um factor a corroborar a concentração da população mundial nas zonas urbanas.

(Continua…)

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