O atraso mental paga-se caro (II)

Não sei se viram a "menistra", a menor, a falar, na noite de segunda, no telejornal...


As reportagens sobre o tema do crescimento do eucalipto e respectivo comentário, do minuto 34:30 ao 41m40s.

e passamos a citar a hipocrisia, o atraso mental e a incompetência da senhora Assunção:


"O eucalipto cresce um bocadinho. [SIC]
Temos o declínio do pinheiro, essencialmente ao problema do nemátodo e ao problema dos incêndios...
(...)
Quando nós olhamos para a área arborizada de pinhais vemos que a fotografia não é assim tão má.
(...)
Temos oportunidade de no próximo programa de desenvolvimento rural e aproveitando esta lógica multi-fundos podermos encontrar instrumentos para apoiar a floresta, nomeadamente o pinheiro bravo e nomeadamente o sobreiro, que precisam de ser mais apoiados."


Com que então, apoiar o pobre do pinheiro bravo e - espante-se - o sobreiro!...
E com que então parece ser só o pinheiro que sofre com os incêndios...


Hipocrisia é mandar essas palavrinhas tecnocratas quando a praxis vai no sentido da desregulação, como o Vidal bem chamou à atenção aqui.

E vale a mesmo pena ouvir os comentários de Luís Alves, do jornal 24 Horas de terça, relativo ao dia 11.2.12.
Para quem não pode ver e ouvir, transcrevemos aqui (do minuto 38m19s ao 41m40s):



- Luís, ter mais eucaliptos o que é que pode significar. Falámos aqui do efeito dos incêndios, mas a Quercus diz que vamos ter uma mudança profunda na nossa floresta, com menos água.. por aí adiante.

- E eu concordo com tudo isso e acrescentaria algo mais. 
Aquilo de que se fala, com a nova legislação que o Governo pretende ver aprovada, até agora inédita na Europa, que será possível arborizar zonas com 5 ha ou rearborizar zonas até 10 hectares sem qualquer tipo de licença.
E vai mais longe: permite plantar zonas ardidas - a lei até agora obrigava a plantar com as mesmas espécies que lá estavam - e partir de agora, se esta lei for aprovada, pode-se plantar com qualquer espécie.

- As pessoas lá em casa estão a dizer "Mas eu não tenho nada a ver com isso!". Será?

- Tem, tem, porque a floresta portuguesa produz um conjunto de bens que são do usufruto de todos nós. As pessoas pensam que a floresta funciona só como um rendimento a curto prazo - no caso do eucalipto, em que as pessoas podem retirar rendimento em oito ou dez anos - mas esquecem-se que a longo prazo... eu não sei se as pessoas têm andado a ver a paisagem portuguesa -  ver um eucaliptal em fim de vida é absolutamente assustador, é paisagem lunar.

- É uma paisagem lunar porquê? Porque consome toda a água e seca tudo o que está à volta? É mesmo verdade essa imagem?

- É mesmo verdade. Quem for para a paisagem - não é muito difícil encontrar um destes eucaliptais - nós temos a maior mancha contínua de eucalipto da Europa e somos uma maiores do mundo, somos a quinta maior mancha a nível mundial...

- Isso quer dizer que aquele passeio que nós temos, até dentro duma cidade, debaixo dum pinhal ou doutro tipo de árvores, pode desaparecer?

- Completamente! Repara: é completamente anti-biodiversidade, é muito difícil encontrar seja que espécie for a conviver com um eucaliptal.
Mas eu iria até mais longe. Eu, enquanto jovem agricultor que, por exemplo, ando à procura de terra, vejo com estas medidas ainda mais limitante a opção de encontrar terra disponível. Os optimistas da medida dizem que isto pode promover o emprego e o regresso ao mundo rural, mas eu não estou a ver as pessoas à espera oito a dez anos a ver as árvores...

- Mas pode ter um efeito positivo: produz lucro rápido!

- Pois promove um lucro rápido: fala-se de quatro mil euros por hectare, mas por exemplo não se fala dos custos associados à reconversão do eucaliptal e esses são da responsabilidade do proprietário e podem superar os 750 mil euros por hectare, com a mobilização de máquinas pesadas.
Não se fala, por exemplo, que é absolutamente impossível recuperar um solo a curto prazo...

- Não se fala do que pode acontecer no Verão, com os incêndios: os incêndios dos eucaliptais são coisas dantescas.

- Ó João, eu até arriscaria aqui a fazer futurismo: eu vou fazer futurismo para o Verão de 2013:

Neste Verão nós vamos ter o país a arder, vamos ter pessoas a morrer, vamos ter [gastos de] milhões de euros em meios de combate a incêndios, que nós, contribuintes, pagamos; vamos ter jovens que, como eu, andam à espera do banco de terras, que já foi prometido pelo Governo [*], mas que não têm terras disponíveis porque provavelmente elas vão ocupadas por vinte anos, em contratos que vão servir só alguns, mas não vão servir os propósitos da agricultura portuguesa. 
Portanto, eu espero, para bem de todos nós, que estas medidas não vão de facto avante.


* A proposta do banco de terras, prometida pelo Governo, foi primeiramente feita pelo Bloco de Esquerda. Ao que as bancadas da maioria votaram contra.

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