Istmânia - O Mar
A História da Istmânia está escrita na, e pela, sua configuração, empurrada para o Mar pelas Montanhas. Montanhas que aos istmanianos parecem gigantescas vagas sólidas, apenas percorridas por rios incertos que para o Mar fogem sem olhar para trás. Fugirão do Mar. Pelo menos do fantasma do Mar. O Mar que, durante séculos, até à construção da Barreira, não os deixou chegar até si. Retirou-lhes a possibilidade e a dignidade de terem foz e subiu por eles acima, indo apanhá-los antes da curva, passada a qual os rios julgariam poder finalmente avistá-lo. É por isso que neste País, culturalmente, a água doce é ou salgada ou meia salgada. É o destino deste povo que sobre as arribas se acumula desde há séculos.
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Daí que o Mar seja o destino da Istmânia, e, se também a desgraça, também a única glória. Daí que o Mar seja erigido em monumento nacional istmaniano. (...)
A síntese dos trabalhos do seminário irá porventura num sentido mais limitado: o de que a Istmânia é justamente um istmo que, perseguido pelas suas próprias Montanhas, vai em fuga até à ponta mas nela se imobiliza (no terror suscitado pelo Mar) e nessa ponta se esgota (Tese Geocultural). Embora também seja, para alguns, uma concepção maníaca da Pátria (Tese do Prémio Báltico).
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Daí que o Mar seja o destino da Istmânia, e, se também a desgraça, também a única glória. Daí que o Mar seja erigido em monumento nacional istmaniano. (...)
A síntese dos trabalhos do seminário irá porventura num sentido mais limitado: o de que a Istmânia é justamente um istmo que, perseguido pelas suas próprias Montanhas, vai em fuga até à ponta mas nela se imobiliza (no terror suscitado pelo Mar) e nessa ponta se esgota (Tese Geocultural). Embora também seja, para alguns, uma concepção maníaca da Pátria (Tese do Prémio Báltico).
Artur Portela, "A Guerra da Meseta", pp. 361-362
Ed. D. Quixote, 2009
Ed. D. Quixote, 2009
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