Estes estranhos nomes... (V - Conclusão)
E voltamos nós à toponímia, com o fim do artigo de Miguel Esteves Cardoso que viemos publicando nos últimos tempos. Divirtam-se.
Devia haver uma Comissão para a Decência Onomástica, que tratasse de nomes como Casal do Gorta Rabos (Alcobaça), Mal Lavado (Odemira), Casal da Porcaria (Leiria) e Ripanço (Proença-a-Nova) como problemas. Porque são problemas. O trabalhador que todos os dias se desloca de Proença para o Ripanço não tem de estar sujeito a dizer, até ao fim da sua vida natural: “Bem, lá vou eu para o Ripanço”.
Qual o construtor civil que se sente tentado a empreender a construção de novos fogos em lugares chamados São Paio da Farinha Podre (Penacova), Casal do Esborrachado (Almeirim), Triste Feia (Leiria), Parola (Mafra) ou Farta-Vacas (Lagos)? Não faz sentido estar a empatar capital e mais tarde ter de comprar meia página no Expresso a dizer: “Urbanização Triste Feia - um espaço Alegre-e-Bonito para a sua habitação”. Não seduz.
Para mais, a língua portuguesa é tão bonita que não seria difícil arranjar variantes. Entre os nomes que já estão apanhados, há Água Alta (uma em Figueiró dos Vinhos, outra na Covilhã), Casas Próximas (umas no Funchal, outras no Machico), Chão de Meninos (em Sintra), Alto do Fogo (Lousada), Águas Partidas (Marvão), Amor (Leiria). No capítulo da ciência, há nomes que fazem sorrir. Mesmo assim, para quem mora neles, devem ser muito maçadores. Há em Chaves um Raio-X e, como se isso não bastasse, um Entroncamento do Raio-X. Em Alcobaça, em contrapartida, há uma (mais portuguesa) Engenhoca. A “Bê-dê” continua com Telégrafo (em Tomar) e Arquitecto (em Mafra). Em Grândola, há uma Aldeia do Futuro. Em que outro país europeu é possível sair um dia de automóvel e fazer o trajecto Raio-X - Entroncamento do Raio-X - Engenhoca - Telégrafo - Arquitecto - Aldeia do Futuro??!!
Também deve ser difícil arranjar outro país onde se possa fazer um percurso que vá da Fome Aguda à Carne Assada (Sintra) passando pelo Corte Pão e Água (Mértola), sem passar por Poriço (Vila Verde), e acabando a comprar rebuçados em Bombom do Bogadouro (Amarante), depois de ter parado para fazer um chi-chi em Alçáperna (Lousã).
(Bogadouro é o Mogadouro quando se está constipado.)
E basta!
Qual o construtor civil que se sente tentado a empreender a construção de novos fogos em lugares chamados São Paio da Farinha Podre (Penacova), Casal do Esborrachado (Almeirim), Triste Feia (Leiria), Parola (Mafra) ou Farta-Vacas (Lagos)? Não faz sentido estar a empatar capital e mais tarde ter de comprar meia página no Expresso a dizer: “Urbanização Triste Feia - um espaço Alegre-e-Bonito para a sua habitação”. Não seduz.
Para mais, a língua portuguesa é tão bonita que não seria difícil arranjar variantes. Entre os nomes que já estão apanhados, há Água Alta (uma em Figueiró dos Vinhos, outra na Covilhã), Casas Próximas (umas no Funchal, outras no Machico), Chão de Meninos (em Sintra), Alto do Fogo (Lousada), Águas Partidas (Marvão), Amor (Leiria). No capítulo da ciência, há nomes que fazem sorrir. Mesmo assim, para quem mora neles, devem ser muito maçadores. Há em Chaves um Raio-X e, como se isso não bastasse, um Entroncamento do Raio-X. Em Alcobaça, em contrapartida, há uma (mais portuguesa) Engenhoca. A “Bê-dê” continua com Telégrafo (em Tomar) e Arquitecto (em Mafra). Em Grândola, há uma Aldeia do Futuro. Em que outro país europeu é possível sair um dia de automóvel e fazer o trajecto Raio-X - Entroncamento do Raio-X - Engenhoca - Telégrafo - Arquitecto - Aldeia do Futuro??!!
Também deve ser difícil arranjar outro país onde se possa fazer um percurso que vá da Fome Aguda à Carne Assada (Sintra) passando pelo Corte Pão e Água (Mértola), sem passar por Poriço (Vila Verde), e acabando a comprar rebuçados em Bombom do Bogadouro (Amarante), depois de ter parado para fazer um chi-chi em Alçáperna (Lousã).
(Bogadouro é o Mogadouro quando se está constipado.)
E basta!
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Figueiras Podres de S.João (Ansião)