"Não-Lugares", de Marc Augé
Viu os cartazes de cem metros de comprimento no campo, à saída da cidade? Sabe que dantes tinham apenas uma dezena de metros? Mas os carros vão tão depressa agora que tiveram de prolongá-los para que a publicidade conserve ainda o seu efeito.
MARC AUGÉ
Não-lugares - Introdução a uma Atropologia da Sobremodernidade
Tradução de Miguel Serras Pereira
90ª Graus Editora, 2005
Envie a sua sugestão de leitura para georden@gmail.com que posteriormente publicaremos neste mesmo espaço.
Fahrenheit 451, Ray Bradbury
Os meios de comunicação, a rapidez dos transportes e dos estilos de vida, a globalização económica e cultural, a mercadologia territorial e turística, o consumo massivo versus autenticidade, estandardização dos comportamentos sócio-comerciais… tudo questões e factores da sociedade contemporânea que entontecem o cidadão comum e o antropólogo que tenta analisar essa mesma sociedade.
Marc Augé oferece-nos neste pequeno ensaio um visão desconstrutiva dos mitos por que nos regemos actualmente quando vivemos o espaço. A questão é a de que, se só passamos - e não FICAMOS / ESTAMOS / VIVEMOS - pelos lugares, estes acabam por se nos tornar indiferentes. Perdem, portanto, aquilo que os distingue de outros lugares. A identidade “pública” passa a estar resumida em panfletos turísticos ou em notícias de televisão.
E isto tem implicações notórias, que o antropólogo francês diz caracterizarem um novo paradigma civilizacional - a sobremodernidade. Tal como o cartaz publicitário da epígrafe, os lugares sofrem transformações tais até que possam ser facilmente digeridos pelo “estrangeiro” (aquele que PASSA).
Não se trata já de saber para onde vamos mas sim de percebermos onde estamos: a “impossível viagem” quando o lugar não existe, quando o espaço é indefinido, quando o passado se confunde com o presente e o futuro. Só as palavras contêm e mostram o sentido. Nos não-lugares cada vez mais se cruzam os destinos irrequietos e perdidos numa experiência crua da solidão disfarçada pela aparência de uma superabundância de comunicações, afinal apenas fingidas.
Marc Augé oferece-nos neste pequeno ensaio um visão desconstrutiva dos mitos por que nos regemos actualmente quando vivemos o espaço. A questão é a de que, se só passamos - e não FICAMOS / ESTAMOS / VIVEMOS - pelos lugares, estes acabam por se nos tornar indiferentes. Perdem, portanto, aquilo que os distingue de outros lugares. A identidade “pública” passa a estar resumida em panfletos turísticos ou em notícias de televisão.
E isto tem implicações notórias, que o antropólogo francês diz caracterizarem um novo paradigma civilizacional - a sobremodernidade. Tal como o cartaz publicitário da epígrafe, os lugares sofrem transformações tais até que possam ser facilmente digeridos pelo “estrangeiro” (aquele que PASSA).
Não se trata já de saber para onde vamos mas sim de percebermos onde estamos: a “impossível viagem” quando o lugar não existe, quando o espaço é indefinido, quando o passado se confunde com o presente e o futuro. Só as palavras contêm e mostram o sentido. Nos não-lugares cada vez mais se cruzam os destinos irrequietos e perdidos numa experiência crua da solidão disfarçada pela aparência de uma superabundância de comunicações, afinal apenas fingidas.
MARC AUGÉ
Não-lugares - Introdução a uma Atropologia da Sobremodernidade
Tradução de Miguel Serras Pereira
90ª Graus Editora, 2005
Envie a sua sugestão de leitura para georden@gmail.com que posteriormente publicaremos neste mesmo espaço.
Comentários
Quanto à obra prima Fahrenheit 451 de BRADBURY, devia ser de leitura quase obrigatória. Para se garantir a felicidade(?) não devem existir livros. A vigília do fogo apaga a memória. A inquisição tentou. Os Nazis, na noite de Cristal também. Hoje andam aí alguns a tentar. Nós resistimos, claro!
Quanto à publicidade e velocidade dos veículos, os iluminados portugueses resolveram o problema: ROTUNDAS e mais rotundas.