"A Imagem da Cidade", de Kevin Lynch

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KEVIN LYNCH
A Imagem da Cidade
Tradução de Maria Cristina Tavares Afonso
Edições 70, Colecção Arte e Comunicação, 2005


De Kevin Lynch, o livro "A Imagem da Cidade" (The Image of the City, 1960, no original) é, ainda hoje, uma pedra basilar naquilo a que hoje se chama Geografia da Percepção.

Através de um estudo de três cidades dos Estados Unidos (Boston, New Jersey e Los Angeles), Lynch tentou esboçar qual a imagem que os seus cidadãos faziam das mesmas. Para tal, a sua equipa realizou inquéritos e viagens com transeuntes, conhecedores ou não das suas cidades.

Com isso pretendia aperceber-se da imaginabilidade que os habitantes fazem do lugar onde vivem. Ou seja, perceber, através da expressão verbal e de circuitos pela cidade, quais os elementos que marcam a memória das pessoas. Porque é com essa memória que as pessoas organizam mentalmente o espaço e nele aprendem a delocar-se.

O objectivo é entender de que forma os edifícios, os monumentos, as vias, os obstáculos e os cruzamentos (aquilo a que Lynch chamou os elementos da cidade, isto é, que são comuns aos espaços urbanos) ajudam a criar a familiaridade com o espaço em que vivemos. No fundo, está em questão, mais uma vez, a identidade do espaço e o sentido de lugar. Com o qual criamos laços emotivos e vivenciais.

Daí as áreas principais tratadas ou subjacentes à obra serem a psicologia, a linguagem, o urbanismo e a arquitectura. O objectivo último é o de entender como o urbanista e o planeador pode ajudar a tornar mais viva e memorável a imagem de uma cidade.

O livro acaba por ser muito interessante, mesmo para quem, como eu, começar por torcer o nariz à tradução. E, claro, temos de ter sempre presente que o estudo se reporta aos anos 50 e ao imaginário estadunidense, bem diverso do europeu. No entanto, os princípios estão lá. Pensando o espaço para o tornarmos melhor.

Nota: Envie a sua sugestão de leitura para georden@gmail.com, que posteriormente publicaremos neste mesmo espaço.

Comentários

Vidal disse…
Uma obra incontornável para a compreensão da geografia urbana, e das novas geografias. Encontrei-a há alguns anos numa dessas feiras onde parece que nada têm e às vezes lá se encontram uns tesourinhos nada deprimentes. Nas bases, está sem dúvida ainda actual, e uma referencia no âmbito da geo da percepção, sence of place, e das geografias vindouras, pós-moderna, psicogeografia e por aí.
Eu juntar-lhe-ia “Paisagem Urbana” (década de 1970) de Gordon Cullen, com a chancela das Edições 70. Talvez mais associada à arquitectura e urbanismo. Curiosamente(?) obras de cepa Anglo-Saxónica…
Edward Soja disse…
Curiosamente? Sim, está bem. Mas sabes que a psicologia teve grande desenvolvimento nesses países. Sobretudo nos EE.UU.

Pode não ser suficiente para explicar o peso da Geografia da Percepção nesses países, mas é, sem dúvida, um factor a juntar.
Vidal disse…
Olá Edu,
O curiosamente era mesmo para salientar que foi e é lá, que teve e ainda tem, mais peso. sem dúvida. tenho que ter mais cuidado com a ironia...eh..eh

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