"Cidade e Democracia: 30 Anos de Transformação Urbana em Portugal", de Álvaro Domingues (coord.)

Clique para aumentarCidade e Democracia: 30 Anos de Transformação Urbana em Portugal
Álvaro Domingues (coord.)

Produção do Projecto: Fundação da Juventude
Coordenação Editorial: Ordem dos Arquitectos
Direcção Editorial: ARGUMENTUM Edições
Edição Bilingue: Português/Espanhol
Lisboa, Junho de 2006
P.V.P: Aprox. 50€ (na FNAC estava a 49.50€, se não estou em erro)



A publicação “Cidade e Democracia: 30 Anos de Transformação Urbana em Portugal” resume anos de investigação e de estudos desenvolvidos pelos bolseiros do Programa Nacional de Bolsas para jovens finalistas ou licenciados em Arquitectura que a Fundação da Juventude promoveu, durante o período 2000-2004, sobre 24 cidades médias portuguesas: Amadora, Aveiro, Barcelos, Barreiro, Braga, Bragança, Castelo Branco, Chaves, Coimbra, Covilhã, Évora, Figueira da Foz, Guarda, Guimarães, Horta, Leiria, Penafiel, Póvoa do Varzim, Santa Maria da Feira, Torres Vedras, Viana do Castelo, Vila Nova de Famalicão, Vila Real e Viseu.

Sob a coordenação do geógrafo Álvaro Domingues, que começa por fazer uma introdução ao projecto de investigação desenvolvido e termina com uma descrição do Portugal dos anos 90 no que se refere, ao sistema urbano, às políticas urbanas desenvolvidas, aos projectos e programas de incentivo de carácter sectorial ou territorial para o desenvolvimento urbano, à eficácia (ou não) dos instrumentos de gestão territorial, etc. Após as suas notas conclusivas disponibiliza uma bibliografia variada, essencialmente, sobre Geografia Urbana, Políticas Urbanas, Planeamento Urbano, Urbanismo. Para quem procura bibliografia temática para aprofundar conhecimentos (como eu) aqui está uma boa solução (confesso que foi útil quando procurava algo sobre povoamento, padrões de ocupação do solo, sistema urbano, etc.).

Com a participação da geógrafa Teresa Sá Marques que caracteriza o Portugal Urbano: cada vez mais heterogéneo e mais desequilibrado. A sua escrita faz-se acompanhar de vários mapas temáticos que mostram o Portugal no período 1950-2001.

A terceira parte da obra ficou destinada a apresentar os casos de estudo das 24 cidades já referidas. Para cada uma é feita uma breve descrição histórica, tendo em atenção a sua evolução demográfica e o seu desenvolvimento urbano mais recente.
Para ajudar na interpretação das transformações urbanas ocorridas nos últimos anos, cada caso de estudo apresenta:
- Fotografias aéreas inéditas dos aglomerados urbanos, das áreas de expansão, das áreas especializadas (industriais, comerciais, desportivas, tecnológicas, inovação e conhecimento), da rede de infra-estruturas e logística, dos centros históricos, das áreas rurais e de edificação dispersa, etc. Confesso que a fotografia que mais tempo passei a contemplar foi a da cidade de Guimarães nas páginas 154-155 (“- Ah! Saudades daquele centro histórico fabuloso. Comprar uma frutinha em pleno centro urbano, já não é para todos”). As fotografias são um trabalho do Arq.º Filipe Jorge, autor das colecções “Visto do Céu”;
- Duas plantas actualizadas: uma com a identificação dos espaços edificados por período de construção e outra com a localização dos equipamentos colectivos. Sugiro que dêem uma olhada na planta da cidade de Braga, p. 147. Aquilo cresceu bem! Eu escrevi “cresceu”? Não devia ter escrito “desenvolveu”?
- Uma ficha de caracterização e diagnóstico dos principais indicadores demográficos e económicos (com a confrontação dos indicadores entre a cidade e a área do concelho, através de quadros e gráficos).

A quarta parte é denominada de “Metamorfoses do Urbano” e são abordados os conceitos das infra-estruturas de mobilidade (as estradas que moldam o território), dispersão (Depois do rural e urbano, o difuso é “um terceiro estado de formação recente”), aglomeração e polaridades (novas centralidades ligadas ao automóvel), o território não construído (em parte, de encontro ao que foi escrito no livro Não-Lugares, também, livro do mês no Georden) e da regulação urbanística (esta é essencial para controlar a especulação da construção, ou se quiserem, a construção especulativa).

As suas páginas finais mostram-nos algumas perspectivas temáticas dos autores:
-Nuno Portas, com o artigo “Vistas de Cima, Vistas do Chão”;
-Manuel Fernandes de Sá, “O Processo de Planeamento em Portugal, Relatos de uma Experiência";
-António Pérez Babo, “O Papel das Infra-Estruturas Viárias na Evolução das Formas Urbanas”;
-António Manuel Figueiredo, “Uma Abordagem Económica das Dinâmicas e Formas Urbanas do Portugal Recente”;
-Cláudio Monteiro, “Cidade, Democracia e Direito. A Autonomia do Poder Local em Matéria Urbanística.

Convém referir que esta obra tem 400 páginas, com tratamento gráfico e impressão de qualidade. É apresentada num formato bilingue: Português/Espanhol. Por vezes temos dificuldades na tradução de termos técnicos que se encontram em espanhol, esta publicação pode servir como um autêntico dicionário técnico.

Boas leituras geográficas,

Rogeriomad


Nota: Envie a sua sugestão de leitura para georden@gmail.com que posteriormente publicaremos neste mesmo espaço.

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