Braga a retalho
Prédio
é calvário para moradores:
"Ninguém
quer saber disto", lamenta Aurora Barbosa. A mulher, nascida e criada na
Rua Cruz de Pedra, uma metade em Maximinos e outra na Sé, em Braga, e que vê,
de dia para dia, um edifício a ameaçar ruir às portas da mercearia. (Jornal de Notícias).
Por cá no burgo já se falava disto
e não apenas como resultado das condições climatéricas dos últimos dias. Queiram,
todavia, acompanhar-nos nisto:
Por
entre tribunais e limitação de território - por ali se cruzam as fronteiras das
freguesias urbanas de Maximinos e da Sé, no Centro Histórico de Braga, os
moradores continuam a transportar a cruz do medo de que uma pedra lhes caia em
cima. (Jornal de Notícias)
Mais uma situação reveladora do verdadeiro afecto ao poder nas bordas do jogo de interesses, manipulado(s) pelo clube
político a que se pertence a um dado momento, alicerçado(s) numa delimitação
rígida de fronteiras e de competências, à escala surrealista de uma rua urbana.
A manutenção do feudo prevalece, assim, sobre qualquer bom senso ou, bem pior,
sobre o bem comum, não raro, mascarado de bairrismo serôdio e folclore
publicitário, designadamente, na pegadilha sobre a famigerada agregação das
freguesias. Pois se não se entendem sequer em acontecimentos limite e em circunstâncias
trágicas, isto é, nas verdadeiras necessidades da população, afinal quais serão
as razões que os movem?...
Já vimos este filme em estradas que
fronteiam entre Braga e Guimarães e entre Braga e Barcelos – quem é responsável
pela manutenção e qual a delimitação?, com histórias que envolvem, inclusive, corporações
de bombeiros, para além das autarquias, num lavar de mãos onde se fareja sempre
a sujidade. Parece a velha história dos muros e da água, onde irmão guerreia
irmão, por este país fora. As fronteiras, meus amigos, são obra humana. Não inaugurem,
por favor, a delimitação da fronteira das nossas dores. Talvez a partir daí se
possa começar uma discussão séria sobre agregação, seja lá do que for.
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