ESPAÇOS PERDIDOS E ACHADOS: Abandono e Funcionalidade
Vejam lá se esta não é uma imagem que vale mil palavras. No entanto, gastaremos apenas 326. Reparem como, nas nossas cidades, coexistem os espaços abandonados com as funcionalidades que lhes são requeridas.
Analisemo-la apenas em três aspectos:
a) Circulação
Esta é uma rua estreita de Braga. E é sintomática a presença de automóveis estacionados. Braga tem automóveis a mais. É um facto, não baseado em estatísticas, mas sim na percepção como cidadão comum. E qualquer condutor ratificará esta opinião. Claro que os problemas de circulação não podem ser desligados de factores como a rede de transportes públicos (que no centro da cidade é quase anedótica, por lenta e com utentes muito específicos) ou o “sentido de propriedade” dos habitantes.
b) Comunicação
Este é o pormenor que me incentivou a tirar a fotografia. Repare-se na quantidade de papel de parede acumulado. Também o uso que dão a estas paredes parece evidenciar uma falta de espaço. Um contexto civilizacional propagandístico está como “pano de fundo” a esta paisagem tão comum nas nossas cidades. É uma selvajaria! E é também sinal de degradação e abandono. Basta pensar que nas zonas ricas das cidades, tudo se pauta pela descrição e beleza!
c) Habitação
S. Vicente, freguesia a que pertencem as ruas mencionadas acima, viu crescer o número de edifícios em cerca de 6,6% entre 1991 (com 1254) e 2001 (com 1337). Mas aumentos destes verificam-se nas zonas “ainda não ocupadas” ou “reabilitadas”. Enquanto os centros, os velhos centros, são desprezados. Os utilizadores, que vivem estes espaços da cidade, não têm muita hipótese senão “passar”, porque aqui não há nada para fazer ou que atribua função dinâmica à cidade. Neste sentido, verificamos que os subúrbios nascem cada vez mais nos centros das cidades. Ou por aí começam. Por isso, não admira que se criem protecções como as que da imagem. As plantas, aqui sinal da batalha entre homem citadino e homem rural, representam a vitória da outra selvajaria: a primitiva.
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