Inferir através dos pormenores

De pormenores sem importância parecemos estar sempre a falar.

Quantos mundos não há para além do buraco da agulha?
Para lá da janela suja ou baça do conhecimento...

O que vem até nós é, por vezes (são as vezes em que algo vem até nós), apenas uma nesga da imensidão do mundo. Através da qual inferimos esse mesmo mundo.
Ou, pelo menos, que nos faz inferir que o mundo deve existir.
E só então e depois a pergunta
"Quantos mundos devem existir?".

Não passa nos grandes média, porque não interessa a muita gente.
(Quantas vezes o que passa nos grandes média interessa a muita gente?)
Não passa nos rodapés, mas não passa de uma nota de rodapé. Ou é, pelo menos, assim considerada, desconsiderada. Como algo de somenos importância, coisa desprezível, mas "vá lá, o nosso dever é informar".

Ou, pelo contrário, sabem bem a quem se dirige um "nota de rodapé" assim. E sabem do poder que tem, do impacto que pode ter junto desses alvos.

Deixando-nos de mais prolegómenos, rotundas e considerações: eis aquilo de que falamos: uma pequena notícia (5 linhas e - nós contámo-las... - pouco mais de 150 caracteres, isto é, uma coisa mínima... que, como o buraco da fechadura, esconde muito mais, imensamente mais, que o que mostra...) que nos deixa tantas perguntas no ar como aquelas que formos capazes de fazer.
Porque só pensamos com o que tivermos para pensar.
E, sendo o pensamento um processo contínuo, que se vai construindo, só pensamos com o que tivemos adquirido para pensar, para formular juízos e inquietações.

Extraída da Visão de 27 de Maio passado (p.34), diz o seguinte... Diz muito mais... em poucas palavras, diz tanta coisa que nenhuma palavra parece desimportante...
:


AFASTADO
O arq. Siza Vieira, 76 anos, do projecto da transformação do Forte de Peniche em pousada, por discordar da criação de mais dois pisos e do apagamento da memória histórica da prisão política.


Meditemos.

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