Piscina coberta
Recordo-me bem. Final da década de 1990, numa conversa de final da tarde em Barcelos, um professor de geografia falava-me do absurdo de algumas construções em Braga, executadas em cima de linhas de água, ou com o recurso a desvios e verdadeiras operações cosméticas de ocultação. Anos mais tarde, não precisei de lupa para ver alguns dos efeitos produzidos, ali ao braga parque e arredores, por exemplo. Garagens inundadas, com muita ou pouca chuva, e parques de estacionamento que nunca chegaram a ser utilizados, alguns dos quais com bombas permanentes a sacarem água. Assisti em camarote presidencial ao desaparecimento de um ribeiro junto ao retail parque, bem perto da 4ª torre, a tal que prometia o paraíso, e demorou 12 anos a ser concluída. E qualquer pessoa em Braga já experienciou a rotunda da feira nova em dia de chuva. As imagens que aqui deixamos pertencem ao imenso parque de estacionamento de uma superfície comercial relativamente recente, entalada entre o braga parque e o prédio verde. A piscina, com parte funda e zona para crianças, corresponde a uma entrada para (mais um) andar inferior, neste caso fechado por razões óbvias. Imaginemos agora em conjunto esse andar inferior. Conseguem imaginar?
Vidal, Braga (20/05/12)
Construir deveria obedecer sempre ao conceito de adaptabilidade ao espaço onde sita: geologia, topografia, geografia, ecossistema, clima, construções envolventes, acessos, pessoas; associados aos materiais a utilizar e arquitectura. Acabava por ficar, de certeza, mais barato.
Comentários
Ou seja, é uma brutalidade acometerem-nos a viver nestas novas fantásticas construções do futuro.
Em que os moradores, vulgo clientes / inquilinos, apenas estão a sofrer o que foi possível pela inépcia e banditismo dos planos urbanísticos assinados à socapa pelos interesses mais que claros.
Sabemos da impossibilidade em controlar e prever algumas situações de inundação ou similares, todavia, noutros casos, a incúria, a irresponsabilidade e a incompetência são o pão nosso de cada dia. E a impunidade, claro.
Mas ainda assim não deixa de ser triste a sensação de abandono urbanístico da cidade, em todos os sentidos. Basta atentar em algumas traseiras envergonhadas, uma das quais junto à piscina citada: as costas da fábrica confiança e os quintais adjacentes…
Em jeito de ironia, acho que este é o local ideal para abrirmos uma escola de mergulho, algo de inovador em meio urbano...
Por aqui não se admire: a malta está habituada a (ver) meter água.
Proteja-se e volte sempre.
um abraço