A estrada como individualismo legal

Imagem extraída daqui

Enjaulados nos cubículos vamos.
Com muito cuidado para não tocarmos.
Nem deixarmos que nos toquem.

Porque tememos a solidariedade.

As nossas vidas passam demasiado tempo nas linhas rodoviárias.
De tanto lá consumirmos as nossas vidas, tornamo-nos uma extensão dessas sensibilidades.
Transpomos as estradas para os outros caminhos quotidianos.

Quando o que importa é bater.
(sim, às vezes há mortes, se o desequilíbrio é notório...)

Parar, tomar contacto. Observar a paisagem que apenas está lá e cuja presença apenas sentimos se no-la tirarem. Tarde de mais, insensível...

Importa não já reconhecer, nem apenas, a pessoa do outro lado dos vidros
- o que temos perante nós, o que ela tem perante ela -
mas conhecer a pessoa que nos está vedada enquanto apenas passamos.
Ignóbeis, ignaros, eternos estranhos.

Alimentamos esta roda que nos atropela aos poucos.
Até termos um acidente.

Já vivemos cem mil anos neste sistema.
Parecemos estar a dar-nos bem.

Mas se o afastamento matasse,
quantos não teríamos já morrido?

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