Heavy Metal
Paranoid, Black Sabbath (Lp; 1970)
Imagem de um dos primeiros discos de heavy metal da História retirada daqui
Os químicos estão a tomar conta da sociedade
e a capacidade da lucidez a ceder-lhe espaço.
Efeitos cumulativos que não controlamos por retro-ciência.
Eduardo F., in Geografia do Quotidiano
Em 1962, Rachel Carson publicou um livrito que nos "apeteceu" vir cá lembrar hoje. Chamava-se, Silent Spring (Primavera Silenciosa).
Confesso que ainda não li o livro, que, aliás, deverá ser difícil em Português (a não ser em linha).
Releio e cito um artigo (saído num conjunto de fascículos da colecção que dá por nome de "As Grandes Figuras do Mundo nos Últimos Cem Anos" [Visão, 1999]):
"Silent Spring, publicado em capítulos na revista New Yorker, em 1962, espicaçou os barões empresariais em todo o país. Mesmo antes da publicação, Carson foi violentamente ameaçada com processos judiciais e vítima de maledicência, incluindo de sugestões de que esta cientista meticulosa era uma "histérica" em qualificações para escrever um livro. Foi então organizado um enorme contra-ataque da indústria química - devidamente apoiado pelo Ministério da Agricultura, bem como por alguma comunicação social."
Sabemos quem eles são.
Sabemos de que lado está o poder.
O poder que nos tem governado desde há séculos.
Até hoje.
(Até hoje nos tem governado.)
Carson referia-se ao uso dos pesticidas químicos:
"Era uma vez uma cidade no coração da América, onde toda a vida parecia desenrolar-se em harmonia com o ambiente... Depois, uma estranha influência maligna atingiu a área e tudo começou a mudar... Havia uma estranha quietude... Os poucos pássaros que se viam estavam moribundos; tremiam violentamente e não conseguiam voar. Era uma Primavera sem vozes. Nas manhãs em que outrora se ouvia o coro matinal de chilreios não havia agora nenhum som; só o silêncio imperava nos campos, bosques e pântanos."
Para quem viu uma vez um documentário (penso que no segundo canal da televisão portuguesa) sobre o desastre ambiental de Minamata certamente se lembrará, como eu nunca mais esqueci, da imagem de um gato, na berma do mar, a tremer e a atirar-se descontroladamente à água.
Isto não nos faz pensar um bocadinho?
A explicação é muito simples.
A poluição é uma questão de concentração.
Anos e anos de produção industrial de venenos estão agora a manifestar-se em vários lugares deste planetazinho em que viemos pôr as patinhas...
A citação no início deste artigo era, aquando do momento em que foi escrita, já a pensar nisso mesmo.
Para quem se confrontar ou puder observar muita gente durante o dia talvez repare que há cada vez mais pessoas com comportamentos visivelmente anormais (quero referir-me a problemas do foro nervoso)
Resposta: químicos.
Não pomos em questão se são deliberada ou inconscientemente inalados. A verdade é que eles estão lá.
Mais: estão a acumular-se.
Os compostos químicos não-degradáveis e/ou bioacumuláveis (por exemplo, o mercúrio, que é um metal pesado - é aliás esta característica que distingue estes dos outros metais: não são excretados pelo organismo) é isso mesmo que fazem: nunca se destroem, só se avolumam.
E avolumam-se onde?
No ambiente e...
exacto...
nos seres vivos.
E se o Homem é omnívoro isso... quer dizer... que...
Ai!! Ai! Ai!...
A cadeia alimentar, desde o organismo vegetal mais invisível até chegar a nós (biólogos, uni-vos para no-lo explicardes!), está então toda à mercê da porcaria que enviamos e concentramos no ambiente.
Vem isto a propósito desta noticiazinha deliciosa (que há muito parecíamos aguardar) que não passará nos telejornais.
Muito menos quando estivermos tranquilos e abrigados pelo cimento, nem tampouco à hora das refeições. ("Isso é que não! Já nem se pode comer descansado?!...)
["O Homem é o único animal que cospe na água que bebe";
"Dig your own hole";
"Estás a fazer a cama onde te vais deitar";
e outras sentenças afins...
Isto anda tudo ligado.
A explicação é muito simples, também:
Só há um planeta Terra.
(é de propósito que o dizemos baixinho, não vá alguém andar a espalhar por aí este segredo...]
A Natureza segue o seu caminho.
Mas nós é que a levámos a empurrar-nos para este caminho.
Solução?
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