Cidades Imaginárias - Maycomb
Mapa possível do centro da acção, em Maycomb
Retirado daqui
Maycomb era uma cidade antiga.
Situava-se a trinta quilómetros a leste da Plantação Finch e ficava demasiado para o interior, o que era uma localização bastante estranha para uma cidade tão velha. Se não fosse a esperteza saloia de um tal Sinkfield, Maycomb estaria mais perto do rio. Este, nos primórdios da história, teve uma estalagem onde se cruzavam dois caminhos de gado, aliás, a única do território. Não era patriota, servia e fornecia munições de igual modo aos índios e aos colonos, sem saber, nem sequer se importar, se fazia parte do território de Alabama ou da tribo dos Creek, desde que o seu negócio fosse de vento em popa.
O negócio prosperava quando o governador William Wyatt Bibb, com vista a promover a tranquilidade doméstica do seu recém-criado condado, decide enviar uma equipa de topógrafos para localizar o seu centro exacto e aí estabelecer a sede de governo.
Os topógrafos, hóspedes de Sinkfield, disseram ao seu anfitrião que ele estava nos limites territoriais de Maycomb County e mostraram-lhe a localização provável da futura sede de governo. Se Sinkfield não tivesse feito uma manobra destemida para proteger os seus bens, Maycomb estaria hoje bem no meio do Pântano Winston, um local totalmente desprovido de interesse. Em vez disso, Maycomb cresceu e expandiu-se para além do seu centro nevrálgico, a taberna de Sinkfield, porque certa noite Sinkfield reduziu os seus hóspedes a um estado de completa miopia alcoólica, induzindo-os a mostrarem os seus mapas e cartas topográficas, tirando um bocado aqui, juntando outro ali e tendo ajustado o centro do condado de acordo com as suas necessidades.
(...)
Ele acabou por colocar a jovem cidade muito afastada do único tipo de transporte público da época - o barco fluvial - pelo que se demorava dois dias de viagem do extremo norte do condado até às lojas de bens essenciais em Maycomb. Como consequência, a cidade permaneceu com o mesmo tamanho durante uma centena de anos, uma verdadeira ilhota num mar de retalhos de campos de algodão e bosques.
"Estrato" de "To Kill a Mockingbird" (1960), de Harper Lee.
"Por Favor, Não Matem a Cotovia", Edições Difel, tradução [com falhas irritantes de Português!] de Fernando Ferreira-Alves, 2ª ed., Outubro de 2007
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