Boas intenções ou atenções boas?

Vai-não-vai, lá vem o TGV. Para grandes males, grandes obras. Sucede que este é o mesmo país em que praticamente 90% do transporte de mercadorias se faz por via rodoviária (com todas as consequências que daí advêm); o mesmo onde se encerram linhas de caminho-de-ferro (veja-se o Tua entre outras) ou são reconvertidas para fins turísticos (alegres zoológicos a céu aberto); onde uma ligação Braga/Porto demora 1h15m e Barcelos/Porto o mesmo, praticamente, que o meu pai levava na década de 1970. Este é um país pequeno onde uma planeada rede de linhas de média velocidade (por exemplo como os Inter Cidades) faria toda a diferença, mas onde há muito tempo o modelo de desenvolvimento assenta na construção de rodovias. Então para que serve (ou a quem serve) o TGV? Veremos.
Recentemente soubemos também de mais um instrumento para combater a crise disponibilizado pelo governo. As famílias com desempregados vão ter um desconto de 50% na prestação do crédito à habitação. Esta medida tem a duração de dois anos, após os quais o dinheiro terá que ser devolvido. Parece-nos bem. Observando-a reflectidamente, chegamos à conclusão que a par do apoio às famílias com dificuldades é um enorme apoio ás instituições bancárias, pois continuam a receber o seu dinheirinho. Dir-me-ão: os bancos podem sempre vender em leilão os imóveis. Respondo: podem não. Podiam. Já ninguém compra. Se o objectivo fosse ajudar a malta a ultrapassar a crise o apoio seria também para famílias com desempregados que vivem em imóveis arrendados. Não é pois não?
Também estas podem ter dificuldades em pagar. Ou ir para a rua. Mas isso é outra história…

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