Mudar

Voltamos à carga!

Thomas L. Friedman, no livro de que temos vindo a partilhar alguns estratos, "Quente, Plano e Cheio", sugere-nos, num estilo simples e incisivo, por onde terá que passar o mundo com futuro. Papel fundamental desempenha, como é fácil de perceber, a forma como consumimos energia... oh! o tão falado discurso da poupança e tal... Não! Eis a mudança de paradigma, para meditarmos:


"Conforme referi (...), as utilities [o autor refere-se às empresas que nos EUA fornecem energia nos diversos Estados] eram pagas com base na quantidade de electricidade que vendiam e na quantidade de novas centrais eléctricas que construíam. À medida que cada vez mais consumidores começaram a apagar as luzes sempre que mudavam de divisão e que foram instalando electrodomésticos eficientes a nível de energia, a empresa foi penalizada pela diminuição das vendas (...)

"Existe sempre uma tensão entre os interesses dos consumidores em reduzir as suas contas ao utilizarem menos energia e os interesses das utilities e dos seus accionistas em fazer crescer os dividendos, fazendo com que se consuma mais energia"
(...)
É como conduzir com um pé no travão e o outro no acelerador". É exactamente isso que temos estado a fazer. E isso tem que mudar."

Como?

"Os lucros e as vendas têm de ser descorrelacionados.
(...)
Por exemplo, uma utility pode ajudar um consumidor a comprar um aparelho de ar condicionado que seja mais eficiente a nível energético, ou subsidiar um projectista de um novo edifício comercial para reduzir o consumo de energia. (...). O auditor faria então as contas para descobrir qual o custo dessas medidas de conservação e quanto poupariam em termos de energia que não teria de ser gerada. Imaginemos que o novo e mais eficiente aparelho de ar condicionado iria custar mais 500 dólares do que o modelo-padrão, mas que, durante o seu período de vida, pouparia à utility 1000 dólares em quilowatt / hora que não seria necessário gerar. Na verdade, está a substituir a geração que custaria 1000 dólares ao longo do tempo por conservação, que custa apenas até 500 dólares. Essa poupança total de 500 dólares seria então dividida entre a utility e o consumidor."


Nova tabela de eficiência para as empresas
Imagem, adaptada, retirada daqui.


A imposição de preços de energia mais elevados, por parte do Estado, encorajaria "as utilities a estimular melhorias em termos de eficiência.
A situação ideal é que a utility ganhe mais dinheiro quando leva os consumidores a poupar mais electricidade - para que o total dos lucros das utilities aumente e o total das facturas dos consumidores diminua, porque as poupanças de energia mais do que compensam o aumento dos custos de energia. Se tivermos um ecossistema energético que produz valor social (redução das emissões de CO2 e eficiência energética) e não valor económico (grandes poupanlas para os consumidores e lucros para as utilities), não atingirá escala. Temos de conseguir ambas as coisas. Durante demasiado tempo, muitos ficaram ricos com o negócio da energia a fazer as coisas erradas."

(pp.294-296)


"A bala que o mata nunca o atinge entre os olhos. (...) Atinge-o sempre na têmpora. Nunca sabe de onde vem, porque está a olhar na direcção errada". As empresas de energia tradicionais nunca tiveram de se preocupar com uma bala inesperada. [Mas] Quando vir algumas delas estendidas nas bermas das estradas com balas nas têmporas, saberá que finalmente se criou um mundo de "ou mudas ou morres" no sector da energia - e que existiu alguém que não mudou.

(p. 303)

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