Outono do mundo

Vidal: Outono em Braga

Estava a ler o Público de hoje à pressa quando me deparei com uma reportagem (?) no caderno P2 intitulada “Vinte anos não bastaram para curar o planeta”. Continuei, porque sou facilmente influenciável e li: Em 1987, um relatório de uma comissão da ONU pôs no papel a ideia do desenvolvimento sustentável e declarou que era preciso agir rápido. Agora, um novo relatório das Nações Unidas diz que nesses vinte anos houve avanços, mas no essencial mantêm-se os problemas ambientais mais importantes.

Isto, porque é de um “isto” que se trata, dada a irrelevância como se palra sobre estas coisas, fez-me lembrar um relatório a que tive acesso, uns tempos atrás, realizado por investigadores da Universidade do Minho em 1984, sobre o rio Cávado. Lá se afirmava sem rodeios que o rio, principalmente no seu curso a partir de Prado (Vila Verde) estaria a sofrer alguma degradação (poluição, dejectos, tinturarias, matadouro) mas, perfeitamente a tempo de, responsavelmente, promover-se o desenvolvimento sem matar o rio. O rio encontrava-se ainda vivo. Na década de 1990, já ligado à máquina, esperneava qualquer coisa. Depois moribundo esqueceu-se. Parece que tem havido avanços, mas no essencial…

Sempre as mesmas histórias, para nos lembrar, consoante as modas, a vacuidade das palavras. Algumas já não querem dizer nada, à força de tanto utilizadas.

Gosto do Outono, mas não do “Outono” do mundo.

Comentários

Rogeriomad disse…
Bem dito! Escrito...

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