Andanças na minha terra 4

Um destes dias, em finais de Abril, dirigindo-me da Marinha Grande a Cantanhede, percorri uma fantasmática A17 absolutamente vazia, e um troço da A14 tão distraído pela ausência de automóveis que por momentos apreciei a condução e as autoroutes. “Mas para que se constroem as ditas se ninguém nelas circula?”, pensava nisto e no facto de estar tão perto do mar que nem me apercebi da entrada em Cantanhede.

Vidal: Rossio de Cantanhede

Uma praça central com a sua igreja recebe-nos timidamente. À sua volta existe tudo o que um homem pode desejar, dir-me-ão. Uma clínica. Bancos. Uma pastelaria que é pizzaria e hamburgueria, com cadeiras modernas e olhos de vidro. Além, um café, pareceu-me. Todo uniformemente disposto para a nossa felicidade: levantar dinheiro. Tudo arranjadinho e moderno. E nenhum sítio sequer para comer a sandes de leitão que eu trazia na memória. À volta disto, coisas fechadas. Ruas que não vão dar a lugar nenhum. Gente a dormir descansadamente no carro. Casas velhas. E tudo desagua na estrada grande. E ao lado, o centro comercial. Pode-se tentar aí, pelo menos segundo consta, a sandes de leitão ou a bifana.

Vidal: centro de Cantanhede

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