"A régua e esquadro: novas geografias", de Eric Hobsbawm

A Questão Do Nacionalismo
nações e nacionalismo desde 1780

Eric Hobsbawm
Tradução: Carlos Lains
Edição Terramar


Parece que existe mais um País. Mais uma Nação? Todavia, existem nações dentro de países e países que não fazem uma Nação. Existem Povos que não têm país e acham-se um povo ou uma nação sem terra. Aliás o termo Nação, segundo Hobsbawm é relativamente recente (assoma com o liberalismo há cerca de 200 anos).
Quem sabe um bocadinho de história, observa que antes da “costura” de Estaline e Tito, os Balcãs eram (e continuam) um pedaço de terra em constante polvorosa, polvilhados de povos, ora independentes ora pertença de Impérios (e respectivos desmembramentos e alianças). Sim, e uma manta de retalhos, com várias etnias, povos, raças e credos diferentes (veja-se a Bósnia Muçulmana, a Croácia Católica–limite do império austríaco, a Eslovénia que fora Austríaca e a Sérvia Cristã Ortodoxa, outrora pertença do império Otomano), com os seus aliados históricos e ódios de estimação (também históricos). Tudo isso se diluiu na Jugoslávia de Tito.
A “desmancha” de início da década de 1990 foi um remake (de alguns “assuntos pendentes”- Hobsbawm) do pós - primeira guerra Mundial e dos renovados traçados de régua e esquadro (países e nações), não apenas nos Balcãs, mas em larga medida por todo o Leste europeu. Aliás, a primeira grande guerra teve lá o seu despoletar e não se afigura, de todo, tarefa fácil o entendimento da região. É necessário conhecer a sua história e os seus povos. Na segunda grande guerra estes também se dividiram profundamente na barricada. No caso do Kosovo, importa não desprezar que os Sérvios o consideram berço da sua Nação.
Em tudo isto, a televisão (fala-se do caso como do da Dona Deolinda que tem um filho lá fora a lutar pela vida), e um certo relativismo e branqueamento perpetrado pela Europa, não ajudam nada. Mais a mais, com réguas e esquadros de quem não conhece (e como poderia?) a realidade europeia e a sua história: EUA.
Outros povos (Nações?) acham-se (há muitos anos) com os mesmos direitos. A saber: País Basco, Córsega, Irlanda (apenas para referir Exs. na Europa). Fala-se do tal efeito dominó na TV como quem come nozes. A Europa pacífica e adormecida, ainda há pouco mais de 50 anos se dizimou numa guerra fraticida. A maior de todas! A memória esvai-se…
E reflectir sobre a imagem da Sérvia neste retrato? E que fará a Mãe Rússia? Que repercussões na Espanha, França ou mesmo Inglaterra? Não são de desprezar as questões de geopolítica e a vontade (porque também é disso que se trata) de poder, domínio (económico ou outro) e conquista. Para outros, poucos, de história (a sua) e honra.
Do livro de Hobsbawm apenas acrescento que é preciso lê-lo. Porque nada é o que parece ser. Povos=Nações= Países?
Mais duas propostas, para melhor compreender a região, de forma mais ou menos “ligeira”. Outro livro, nesta caso um romance: “Águias Brancas sobre a Sérvia” de Lawrence Durrell (Biblioteca de Bolso Dom Quixote) e um filme: “Underground “– Era uma vez um país, de Emir Kusturica.

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