Erros (1000)
Sabemos que já passou muito tempo (uma primeira notícia relacionada data já de Setembro de 2008) mas tem mais cabimento esperar para ver o que acontece. Apelava o Sr. Presidente, o velho Sr. Presidente, aos cidadãos para, em Julho de 09, irem experienciar a nova praça da cidade de Braga... Requalificação, certo.
Requalificação significa melhoria da qualidade de vida.
Erros há-os aos pontapés. Por isso vamos centrar-nos em apenas três, ligados entre si. Como uma teia.
Três, como quem diz...
Requalificação significa melhoria da qualidade de vida.
Erros há-os aos pontapés. Por isso vamos centrar-nos em apenas três, ligados entre si. Como uma teia.
Três, como quem diz...
1 - O túnel
1.1 - Um túnel grande como obra da pequenez
1.1 - Um túnel grande como obra da pequenez
"O maior túnel em meio urbano da Península Ibérica".
Acho que era assim que o aperaltavam.
...
E depois? Que valor é que isso tem?
Porque é que continuamos com estas manias de que as coisas maiores são sempre melhores?
Quando é que esta atitude provinciana, mesquinha e empobrecedora vai deixar de nortear os decisores, os da frente, os eleitos, os escolhidos, os que continuam a demitir quem os escolhe? (Quem os escolheu, em parte estava já demitido ou, sem outra hipótese, nisso se demitiu).
E stuartmillianamente, são os propósitos que dignificam ou mancham qualquer empreitada.
(Voltaremos a este ponto mais à frente.)
1.2 - Um túnel "bem legal"
Ora, quando se propõem fazer algo "tão grandioso", como em todas as obras públicas, como em todas as obras (ponto), há certos "pormenores" a respeitar. Esses pormenores têm de estar integrados no desenho do projecto. Quando a obra propriamente dita entra em funcionamento e só depois se verifica que algo falhou (até agora ainda sem consequências dramáticas), será que se pode dizer que houve planeamento?
E as exigências legais (Directiva 2004/54/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 29 de Abril de 2004 (pdf))? Como é possível que um túnel de tal tamanho não disponha de escapatória de segurança ou de uma saída de emergência? O túnel em questão tem, com certeza, mais de 500 metros de extensão. (Ponto 2 do 1º Artigo)
Lembram-se daquele túnel na Suíça?
Foi depois dele que esta directiva foi criada.
As medidas de segurança deverão possibilitar o auto-salvamento das pessoas envolvidas no incidente, permitir a intervenção imediata dos utentes rodoviários para prevenir maiores consequências, garantir a eficácia da acção dos serviços de emergência, proteger o ambiente e limitar os danos materiais.
(Ponto 11 da introdução)
Há regras a respeitar. A culpa morre sempre solteira. E se preciso for, como costuma acontecer, ninguém saberá dos responsáveis ocultos que aprovaram o projecto.
Mesmo sendo à saída (porque apenas se circula numa direcção) terá sido respeitado o Ponto 2.2.2 do Anexo 1? ("Não devem ser permitidos declives longitudinais superiores a 5% nos novos túneis, salvo se não for geograficamente possível nenhuma outra solução.")
Logo após a saída do túnel os condutores menos correctos serão, caso..., obrigados a parar (num semáforo). Em caso de travagem abrupta poderá haver acidentes. Até agora não temos conhecimento de terem já ocorrido. Mas é mais um risco.
Mas há mais. E não temos outra hipótese que transcrever, ipsis verbis, o texto legal:
2.3.3. As saídas de emergência devem permitir que os utentes do túnel o abandonem sem os seus veículos e alcancem um local seguro em caso de acidente ou incêndio, e devem proporcionar também o acesso a pé ao túnel para os serviços de emergência.
...
E depois? Que valor é que isso tem?
Porque é que continuamos com estas manias de que as coisas maiores são sempre melhores?
Quando é que esta atitude provinciana, mesquinha e empobrecedora vai deixar de nortear os decisores, os da frente, os eleitos, os escolhidos, os que continuam a demitir quem os escolhe? (Quem os escolheu, em parte estava já demitido ou, sem outra hipótese, nisso se demitiu).
E stuartmillianamente, são os propósitos que dignificam ou mancham qualquer empreitada.
(Voltaremos a este ponto mais à frente.)
1.2 - Um túnel "bem legal"
Ora, quando se propõem fazer algo "tão grandioso", como em todas as obras públicas, como em todas as obras (ponto), há certos "pormenores" a respeitar. Esses pormenores têm de estar integrados no desenho do projecto. Quando a obra propriamente dita entra em funcionamento e só depois se verifica que algo falhou (até agora ainda sem consequências dramáticas), será que se pode dizer que houve planeamento?
E as exigências legais (Directiva 2004/54/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 29 de Abril de 2004 (pdf))? Como é possível que um túnel de tal tamanho não disponha de escapatória de segurança ou de uma saída de emergência? O túnel em questão tem, com certeza, mais de 500 metros de extensão. (Ponto 2 do 1º Artigo)
Lembram-se daquele túnel na Suíça?
Foi depois dele que esta directiva foi criada.
As medidas de segurança deverão possibilitar o auto-salvamento das pessoas envolvidas no incidente, permitir a intervenção imediata dos utentes rodoviários para prevenir maiores consequências, garantir a eficácia da acção dos serviços de emergência, proteger o ambiente e limitar os danos materiais.
(Ponto 11 da introdução)
Há regras a respeitar. A culpa morre sempre solteira. E se preciso for, como costuma acontecer, ninguém saberá dos responsáveis ocultos que aprovaram o projecto.
Mesmo sendo à saída (porque apenas se circula numa direcção) terá sido respeitado o Ponto 2.2.2 do Anexo 1? ("Não devem ser permitidos declives longitudinais superiores a 5% nos novos túneis, salvo se não for geograficamente possível nenhuma outra solução.")
Logo após a saída do túnel os condutores menos correctos serão, caso..., obrigados a parar (num semáforo). Em caso de travagem abrupta poderá haver acidentes. Até agora não temos conhecimento de terem já ocorrido. Mas é mais um risco.
Mas há mais. E não temos outra hipótese que transcrever, ipsis verbis, o texto legal:
2.3.3. As saídas de emergência devem permitir que os utentes do túnel o abandonem sem os seus veículos e alcancem um local seguro em caso de acidente ou incêndio, e devem proporcionar também o acesso a pé ao túnel para os serviços de emergência.
Como exemplos de saídas de emergência, citem-se os seguintes:
– saídas directas do túnel para o exterior,
(...)
– saídas para uma galeria de emergência,
– abrigos com uma via de evacuação independente da galeria do túnel.
2.3.4. Não devem ser construídos abrigos sem uma saída que conduza a vias de evacuação para o exterior.
(...)
2.10.2. Os postos de emergência podem consistir em caixas na parede lateral ou, de preferência, em nichos na parede lateral. Deverão estar equipados, pelo menos, com um telefone e dois extintores.
Foram estas exigências legais, de segurança, respeitadas?
Em Portugal há bancadas de estádios que cedem, telhados de hipermercados que abatem, túneis de metropolitano que metem água, estradas que engolem veículos., edifícios que se fartam de cair (um de cada vez, claro está)... Portanto, não temos a esperar grande novidade por parte de túneis rodoviários: confusão q.b., alguns feridos, talvez um ou outro falecimento a lamentar, mas coisa pouca. (Grave, grave é o Haiti! Ah, e as doenças cárdio-vasculares...)
2 - Os arranjos
2.1 - O panfletozinho
Um bom exemplo da construção visual, conceptual, não diremos propagandística - pois nestes casos tal é redundante -, do "produto" que se quer "vender" ao cidadão: umas fotografias bonitas do "resultado final", do "agora", em posições descontraídas (mas nada descontroladas) e coloridas, havendo, até (não digitalizada), uma imagem do "antes", que, como não podia deixar de ser, "clichésicamente", está a preto e branco (referindo-se ao tráfego e focando a nossa atenção no respectivo ruído e confusão criados na, agora, "bela" praça com flores por onde passa até um ciclista do asfalto, talvez contratado para o efeito).
Qualquer fotografia deixa tudo o resto de fora. Grande obra artística é a que consegue meter esse resto todo na sua limitada forma de comunicação. Claro, não é o caso. Mas não pôde, a mostrar o tão lindo Theatro Circo (que teve excelentes motivos de atracção enquanto houve financiamento central e hoje é um belo espaço cultural... vazio, pobre, desaproveitado e afastado dos seus cidadãos), deixar de fora as já obras com suas fachadas típicas das políticas de fachada. (ver primeira foto da terceira imagem). São elas o oculto sempre latente de toda esta "fantástica "obra que "dignifica os bracarenses".
2.2 - O arranjo arquitectónico-florístico
Segundo o panfleto, certificadamente distribuído por todas as caixas de correio dos munícipes, "além do impacto urbanístico que a "boca" do túnel provocava, constatava-se que a sua existência impedia o bom uso daquele espaço por parte das pessoas, dada a cisão que gerava sobre os dois lados da avenida."
Ora, esta "cisão" não foi anulada. Foi apenas deslocada. Mas, pronto, lá deixou aquela parte mais silenciosa, calma e "unida".
Mas analisemos o que vemos e o que temos.
Tal como a primeira imagem tão eloquentemente ilustra, há flores em enormes canteiros com formas aparentemente sem forma habitual. Orlados estes por bancos de pedra.
E tal como a seguinte imagem deixa perceber, há um certo declive.
No conjunto, numa panorâmica geral, uma bela vista em profundidade, sem obstáculos, para a Av. da Liberdade, que as imagens, com a orientação contrária, não mostram.
Portanto, flores, canteiros com declive e uma vista livre.
Agora, por partes.
a) Flores
Não sei se já se aperceberam, mas alguém já contou quantas vezes as flores foram mudadas nestes últimos meses? Atenção à terra, castanha, com bastante areia, daquela que deixa rasgos sinuosos após a chuva. As espécies vegetais precisam de substrato, de suporte: as raízes de ar, matéria orgânica e água. Sol há para as pétalas...
Mas que espécie de jardineiros é que estão a tratar disto? Jardineiros que a sabem toda?, que até talvez (não estamos a suspeitar) vendam flores e estejam a ganhar à custa do investimento da CMB (ou seja, dos munícipes)? Talvez estejam ainda a fazer experiências com cores... como quem tenta combinar os a roupa com a cor do cabelo.
b) Canteiros com declive
Com terra daquela, com flores sem tempo, como pode haver alguma estabilização? Com o declive da alameda, com pontos de escoamento mal localizados, aguardam-se as chuvadas fortes que tanto caracterizam a cidade e, depois, será ver a branca pedra granítica escorrida com a lama que ainda restar. Em canteiros com baixos muros.
Para uma melhor percepção do problema, o arquitecto que descole os olhos do seu autocad e que vá ao local, várias vezes e em várias épocas, observar bem aquilo que engendrou para os "caros concidadãos". Claro, enquanto não acontecerem as coisas, quase ninguém dá por elas.
c) Vista livre
A vista livre permite o sentido de profundidade e distância. E quase que idealiza, prolonga a cor das flores, do natural, sobre o cinzento asfalto, sobre o urbano.
Mas com os túneis, sempre haverá esta limitação:
No Verão, com a pedra tão clara, com o sol forte a bater nela, as altas temperaturas irão causar dano na vida que por ali houver (e se quiserem mantê-la terão de gastar acrescidamente em irrigação... "Não, deixa-se passar o tempo e põem-se outras - é mais barato. O absurdo das campanhas do "compre um tinteiro pelo preço de uma impressora" a chegar às tricas urbanísticas) e não convidarão ninguém a atrever-se por ali para subir ou descer a avenida. Para usufruírem da sombra... dos edifícios, irão coladinhas às montras das lojas. Isto está tudo programado. Com certeza que haverá lojas a debitar, pela porta fora, o seu fresquinho de ar condicionado, convidando a entrar (enquanto nas traseiras dessas lojas se acumula o respectivo ar quente que disso decorre).
Com os túneis, a solução para a sombra natural tem de passar por grandes "vasos", como os que na Praça de Agrolongo albergam... eucaliptos (que bela escolha!!) e outras espécies.
Porém, isso iria estragar a vista.
Se foi colocada a hipótese da escolha, a escolha recaiu na vista, em detrimento da sombra. Talvez, aventamos nós, argumentando que a vista é permanente e o sol temporário...
Para uma melhor percepção do problema, o arquitecto que descole os olhos do seu autocad e que vá ao local, várias vezes e em várias épocas, observar bem aquilo que engendrou para os "caros concidadãos". Claro, enquanto não acontecerem as coisas, quase ninguém dá por elas.
c) Vista livre
A vista livre permite o sentido de profundidade e distância. E quase que idealiza, prolonga a cor das flores, do natural, sobre o cinzento asfalto, sobre o urbano.
Mas com os túneis, sempre haverá esta limitação:
No Verão, com a pedra tão clara, com o sol forte a bater nela, as altas temperaturas irão causar dano na vida que por ali houver (e se quiserem mantê-la terão de gastar acrescidamente em irrigação... "Não, deixa-se passar o tempo e põem-se outras - é mais barato. O absurdo das campanhas do "compre um tinteiro pelo preço de uma impressora" a chegar às tricas urbanísticas) e não convidarão ninguém a atrever-se por ali para subir ou descer a avenida. Para usufruírem da sombra... dos edifícios, irão coladinhas às montras das lojas. Isto está tudo programado. Com certeza que haverá lojas a debitar, pela porta fora, o seu fresquinho de ar condicionado, convidando a entrar (enquanto nas traseiras dessas lojas se acumula o respectivo ar quente que disso decorre).
Com os túneis, a solução para a sombra natural tem de passar por grandes "vasos", como os que na Praça de Agrolongo albergam... eucaliptos (que bela escolha!!) e outras espécies.
Porém, isso iria estragar a vista.
Se foi colocada a hipótese da escolha, a escolha recaiu na vista, em detrimento da sombra. Talvez, aventamos nós, argumentando que a vista é permanente e o sol temporário...
3 - Os arranjinhos
(O cerne da questão)
3.1 - "A Cidade às Pessoas"
Os responsáveis que arquitectaram a parte superior da Av. da Liberdade levam muitos anos no meio. Frase dúbia? Não. Sabem mesmo como fazer as coisas e ao fim de tanta experiência já sabem como é que se devolve a cidade às pessoas...
Mas...
Ah, bom. Devem estar a referir-se às pessoas por oposição aos automóveis. Que costumam levar, lá dentro, pelo menos, uma pessoa. Mas a experiência diz-nos que pessoas, em carros sempre em movimento, que nunca assentam, que nunca ganham poiso, não servem para uma cidade que se quer "para as pessoas".
Então, vai daí, criaram um belo jardim para as pessoas relaxarem. Em frente a lojas. ("Oh, lá estás tu! Não desestabilizes! Afinal qual é o mal? Até é bonito..."). E quando não estiver um sol de rachar. Nem a chover.
Mas, mesmo assim, continuamos a questionar-nos:
Será dar a cidade às pessoas dar um espaço que apenas é (se) preenchido por pessoas durante o dia? As cidades, à noite, não existem? ("Ah, isso é coisa das Américas.... Nós somos um país pequeno..." E tal. Mas então porque é que vêm sempre arvorar-se nos "maiores" isto, "maiores" aquilo do país e da região e da cidade e do quarteirão e da rua...?). E a função habitacional das cidades? Multiplicar espaços vazios de encher o olho é mais fácil.
Mas...
Ah, bom. Devem estar a referir-se às pessoas por oposição aos automóveis. Que costumam levar, lá dentro, pelo menos, uma pessoa. Mas a experiência diz-nos que pessoas, em carros sempre em movimento, que nunca assentam, que nunca ganham poiso, não servem para uma cidade que se quer "para as pessoas".
Então, vai daí, criaram um belo jardim para as pessoas relaxarem. Em frente a lojas. ("Oh, lá estás tu! Não desestabilizes! Afinal qual é o mal? Até é bonito..."). E quando não estiver um sol de rachar. Nem a chover.
Mas, mesmo assim, continuamos a questionar-nos:
Será dar a cidade às pessoas dar um espaço que apenas é (se) preenchido por pessoas durante o dia? As cidades, à noite, não existem? ("Ah, isso é coisa das Américas.... Nós somos um país pequeno..." E tal. Mas então porque é que vêm sempre arvorar-se nos "maiores" isto, "maiores" aquilo do país e da região e da cidade e do quarteirão e da rua...?). E a função habitacional das cidades? Multiplicar espaços vazios de encher o olho é mais fácil.
3.2 - A ordem normal das coisas
Planear em Portugal significa começar pelo fim. Primeiro fazem-se os arranjinhos e depois vai-se tentando tornar esses arranjinhos possíveis e rentáveis. Primeiro constrói-se a moradia, depois arranja-se a electricidade, a água e gás canalizados. Depois, abre-se a estrada para instalar o saneamento de águas municipal. Depois abre-se para o que mais vier, fibra óptica e TDT e o que mais vier...
E isto, enquanto vai dando trabalho a trabalhadores que não saem da cepa torta, vai fazendo perder produtividade e recursos. E tempo.
Às vezes as coisas, absurdamente, andam rápido. Absurdamente, às vezes, as coisas causam um transtorno do caraças.
Lembram-se daquela rotunda feita, como caída de pára-quedas, à pressa, num dos acessos à auto-estrada, ali quem vai para Sequeira? Tanta gente a querer fazer uma pequena casota para o cão, a preencher formulários, a contratar peritos, a esperar pela aprovação... e uma rotunda ali, a contrariar e emperrar o trânsito, faz-se num instantinho. Sem problemas. Para poder dar acesso ao então já construção em marcha E.Leclerc de Braga.
Quantas mãos é que o grupo untou? A que preço? Para quem foi o dinheiro (ou os bens, que depois não surgem ou surgem camuflados nas declarações de rendimentos)?
É assim a ordem normal das coisas em mãos limpinhas de corruptos legais.
Neste caso, estava já tudo à vista: ok, um hipermercado, logo um acesso para servir facilmente por quem ali passa. Tudo normal, tudo tranquilo. A prova de que não pestanejamos é irmos lá fazer compras. ("Mas tu queres culpar a empresa? Vê quão injusto estás a ser para os pobres e precários trabalhadores do estabelecimento francês...")
E isto, enquanto vai dando trabalho a trabalhadores que não saem da cepa torta, vai fazendo perder produtividade e recursos. E tempo.
Às vezes as coisas, absurdamente, andam rápido. Absurdamente, às vezes, as coisas causam um transtorno do caraças.
Lembram-se daquela rotunda feita, como caída de pára-quedas, à pressa, num dos acessos à auto-estrada, ali quem vai para Sequeira? Tanta gente a querer fazer uma pequena casota para o cão, a preencher formulários, a contratar peritos, a esperar pela aprovação... e uma rotunda ali, a contrariar e emperrar o trânsito, faz-se num instantinho. Sem problemas. Para poder dar acesso ao então já construção em marcha E.Leclerc de Braga.
Quantas mãos é que o grupo untou? A que preço? Para quem foi o dinheiro (ou os bens, que depois não surgem ou surgem camuflados nas declarações de rendimentos)?
É assim a ordem normal das coisas em mãos limpinhas de corruptos legais.
Neste caso, estava já tudo à vista: ok, um hipermercado, logo um acesso para servir facilmente por quem ali passa. Tudo normal, tudo tranquilo. A prova de que não pestanejamos é irmos lá fazer compras. ("Mas tu queres culpar a empresa? Vê quão injusto estás a ser para os pobres e precários trabalhadores do estabelecimento francês...")
Estava tudo planeado, e visivelmente apresentado segundo aquela ordem normal das coisas. Resume-se assim, para que fique escrito o que alguns sabem mas a medo calam (vá-se lá saber porquê):
O consórcio compra o decrépito edifício dos correios (aquele que ficou quase fora das imagens, ali ao lado do Theatro Circo) já com a ideia de que será para vender. Vendem a um preço não sabemos quantas vezes multiplicado, retirando daí os seus dividendos sujos habituais... MAS com a garantia de que, no concurso público obrigatoriamente aberto para a empreitada, eles serão os escolhidos. Tudo transparente, portanto. De concursos destes apenas por exigência legal. Mas serão legais os procedimentos e a fiscalização?
Primeiro quer-se fazer um novo espaço comercial. Só depois, não tenhamos ilusões, dizem que querem requalificar a parte norte da avenida. Alegando que isso será para dar a cidade às pessoas. Todos ficam contentes. Os matreiros, porque comem à fartazana, e os cidadãos porque pensam que os intermediários do poder económico pensaram realmente neles. A obrigação do velho Presidente não era para com os cidadãos, mas para com os empreiteiros. Mais uma vez. Oh!, Sr. Presidente, ficava-lhe tão mal vir reclamar louros... Apenas fez aquilo que tinha prometido. Apenas cumpriu aquilo a que já se tinha obrigado. Junto dos do costume, tão familiares que eles são, os Srs. Britalar e ABB, os reis deste município desgraçado e feio em betão armado em parvo. Para os "espectadores bracarenses".
A cidade às pessoas?
Quais pessoas?
Pessoas é igual a empresas? Da construção, claro. Que são as que mais dinheiro lavam. ("Há que aprender a lavar as mãos mesmo que seja em água suja. Aprende comigo que não duro sempre."). Obras feitas com intuito encoberto são obras tão descaradas como os que as mandam cumprir. Manchadas de fedor político e monóxido de carbono.
Já tínhamos mencionado a jiga-joga dos corruptos locais, dos corruptos legais locais. Que esta teia está montada há tantos anos que parece que só poderemos ver-nos livres dela quando cair de podre. Nada adiantará sair um cabecilha da cadeira quando todo o cancro restante continuar a respirar. Nem pensemos que todo o mal pode concentrar-se numa só pessoa. Sem orquestradores e cumpridores das pautas não há música para ninguém.
E, tal como o OE para 2010 passou, não pela aprovação dos deputados da AE, mas pela abstenção de alguns deputados da oposição, os caros cidadãos bracarenses optaram por fechar os olhos e escolher o que já conhecem. Quanta parte de responsabilidade neste seguidismo e nesta decrepitude não sentem quando apontam o dedo ao cabecilha-público?
Há muito por fazer.
Os actores têm sido sempre os mesmos. Já não se podem esconder senão atrás de si próprios. E nós já há muito que sabemos quem eles são. São demasiados erros cometidos numa só obra. Demasiados actos habituais do poder corrupto e calcinado. A cidade será das pessoas quando são máquinas que as governam? Com as ladainhas do costume, que as levam a cometer sempre o mesmo erro. E a multiplicar o gosto pela corrupção. Até que todos nós sejamos como eles, corruptos tranquilos e relaxados, porque é assim que queremos realmente ser. Com gratidão.
(Não são erros mil por não termos tantos dedos. Este é, sim, o milésimo artigo do Georden. A sustentar o sustentável. Desculpem a demora e obrigados a todos os que nos visitam.)
Comentários
E um grande parabéns à Georden pelas suas 1000 postagens :)
Estamos cá é para poder comunicar.
Sustentando o que deve ser sustentado.
:)
(Gostei especialmente da parte das flores, é que a maior parte das pessoas olha-as como adornos e não como seres...)
;)
E obrigado pela visita.
:)