"Matar também é preciso"

Nem sei por onde começar...

Em primeiro lugar gostaria de vos chamar à atenção para um aspecto que me parece essencial revelar-vos, como quem sussurra, em segredo, algo de que nos esquecemos ou em que ainda não tivemos possibilidade de reparar. E vou fazê-lo com uma imagem. Pode ser esta:


Retirada daqui


Não, não é nenhuma piada de mau gosto.
Com esta imagem apenas optei pela estratégia do "inimigo", que anda a roubar-nos a atenção e a capacidade de discernimento: os textos longos, como este ameaça tornar-se, são enfadonhos e desviam-nos das coisas importantes que neles por vezes se dizem.

Daí a imagem. Para vos prender mais um bocadinho.
Não, não estou a brincar. Estou a ser transparente. Vêde quantas vezes já caísteis nesta armadilha sem pestanejar. Agora até podeis dizer "este gajo quem é que pensa que é?", ou até já ter clicado para uma outra qualquer página na teia (net). Não me interessa. Quem quiser saber porque pus aquela frase no título terá de "enfadar-se" com o resto deste texto. Porque a liberdade que nos permite expressar-nos vale muito pouco se não nos permitir também ser ouvidos.

Ora bem, certamente estareis lembrados do beijo da Britney e da Madonna aqui há uns tempos. Correcto? Não houve uma velhinha lá pràs bandas dos EUA que interpôs um processo à estação televisiva que transmitiu tal "imoralidade", obrigando-a a pagar uma multa de não sei quantos dólares?

Quer dizer, e quem percebe de Direito poderá corrigir-me, estamos perante uma discussão entre liberdades: a liberdade de transmitir, sem censura, o "directo", e a liberdade / respeito de "não ter que levar" com certas coisas. Talvez, nesta questão ética de justiça, estejamos a falar de "liberdade de informar" e "direito à privacidade". Não sei bem precisá-lo.

Na mesma situação estaria, então, este triste episódio. Sim, estamos a meter a mão numa parte sensível da sociedade dita democrática.

Pois bem, da mesma forma eu gostaria, e ainda hei-de pegar num qualquer artigo da Constituição da República Portuguesa à luz do qual eu possa fazê-lo, de processar a Rádio Renascença. Porquê, perguntais-vos a estas horas da maturidade?

Nem vale a pena vir com a contextualização da frase que entitula este artigo. Tal soar-me-ia, sem outra hipótese, a desculpabilizar, a minimizar a gravidade do que ela, nua e crua, quer dizer só por si.

Foi na noite de 24 de Abril, pouco antes das zero horas, 35 anos depois de umas zero horas em que este país iria começar a mudar.

Um sujeito - "Ei! Ei!, atenção à liberdade de expressão, que é sagrada" (dir-me-ão. Espera, que eu já te respondo...) - estava a dar a sua opinião sobre o 25 de Abril, a falar das colónias e a dizer que as mesmas foram entregues muito cedo... Tudo bem. Não discuto, porque é passível de discussão.

Depois, a dada altura, diz isto:

"Matar também é preciso."


Não sei o que dizer. O que sei é que, em nome da liberdade pela qual lutaram, e que esse senhor, ao que parece, despreza, ou odeia, então também posso dizer o seguinte:

"Por uma frase dessas, o senhor devia ser preso."


O Georden vem , contudo, manifestar o repúdio contra a falta de valores, ou contra ditos valores que são contrários à dignidade humana, ao respeito pela diferença e à amizade entre os povos. Falta de valores expressa na belíssima frase do sujeito que falou, em directo e sem censura, na Rádio Renascença.

Esse, e outros seus semelhantes, são atrasados mentais.
Continuamos a insistir que não têm outro qualificativo.


E se querem realmente que vos diga, ou confesse, digo-vos que, apesar de beneficiarem dos seus frutos, não foi por pessoas a pensarem assim que os militares fizeram a revolução.

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