Das notícias que não interessam
"Depois do acidente nuclear de Fukushima, no Japão, a Comissão Europeia triplicou o nível máximo de radiações permitido nos alimentos. Já fizera o mesmo depois do desastre de Chernobyl, para evitar o caos no mercado alimentar."
Visão de 5.5.2011, p.18
Esta pequenina notícia, tão pequeniiiiina que ela é, não passará na televisão.
Esta informação é só isto: duas frases, apenas.
Nem mais, nem menos.
Da mesma forma que para não se atentar contra os direitos humanos de alguns povos ou pessoas basta não se lhes reconhecer esses direitos humanos, para continuarmos dentro da lei, basta alterar-se a lei.
O que preside a esta mudança?
Podermos continuar a violentar à vontade.
Que racionalidade desumana é esta?
Diz-me, Hanna Arendt.
Quem ganha com estas mudanças?
Os seres humanos?
Em nome dos mercados alimentares.
Em nome do dinheiro.
Cada vez mais que nunca, recusar esta violência.
Glocalizar, criar redes de proximidade.
"Ser sozinho não é sina
nem de rato de porão
Faz também soprar o vento
não esperes o tufão
Põe sementes do teu peito
nos bolsos do teu irmão."
As coisas que nos afectam a vida directamente não são lançadas como bombas atómicas: para funcionarem têm de ir penetrando, como agulhas, finíssimas, a que as nossas peles não possam oferecer resistência.
Depois, claro, vem a droga e tudo o mais que lhes quiserem meter.
Que quiserem meter em nós.
E aí, amigos, esqueçamos as boas intenções: já é tarde.
"Entretém-te, filho, entretém-te.
Eles decidem por ti.
Decidem tudo por ti."
Estamos a perder.
Todos.
Porque o povo, vencido, jamais será unido.
Porque o povo, dividido, continuará perdido.
Comentários
Um só faz sentido com mais um.
Estamos, cada um por si, a lutar pelo mesmo. Estamos, portanto, não-sós.
Continuemos.
Com lucidez e acção individual (pelo menos).