Metafísica e Ciência

Ah… a velha questão que tem servido para dividir as pessoas…
Qual a relação da metafísica (e, embora não seja necessariamente a mesma coisa, aqui incluo o fé e a crença) com a ciência? Há muitas, claro. A começar por aquela da Ciência sempre ter tentado descobrir a origem da Humanidade. Ou os limites do Universo. Essas são questões interessantes, sim, mas sobre as quais não me vou deter.

Eu costumo reparar nas lutas que durante os últimos 3 séculos têm sido travadas entre os apologistas e apoiantes da Ciência e os da Fé.

Daí decorre também um grande divórcio. Pois, como as concepções ontológicas da Natureza são distintas, apesar de aproximações, há terrenos que muitos não ousam pisar. Ou seja, nas questões de fé, os cientistas não querem (talvez bem) meter-se por aí e, em questões essenciais para a Igreja (Católica-Apostólica-Romana), sem as quais talvez alguns dos seus pilares saiam abalados, a Igreja não quer imiscuir-se no domínio da Ciência.

Mas há algures no meio um terreno difuso (que mania temos de ver as coisas a preto e branco! coitadinhos de nós se não vemos assim, que logo ficamos desorientados... mas sobre o maniqueísmo falaria noutra altura...) que envolve fé e razão (por assim dizer). Se não é fé (ou crença) a palavra certa inventem outra, mas está presente na base da investigação científica. E onde está então? É que nenhum cientista parte para uma experiência ou um estudo sem acreditar que dali possa extrair algo de importante para o conhecimento.

Por outro lado, e como a ciência está sempre a construir-se, porque mesmo com um conjunto de conhecimentos já alcançados por anos e anos de trabalho, a ciência não explica tudo. Não estou necessariamente a inclinar-me para o lado do cepticismo na razão. Estou sim a salvaguardar dois princípios por que costumo orientar o meu pensamento. E são eles:

1 - O da racionalidade limitada, segundo o qual toda a razão que possamos ter, decorre das limitações da nossa razão (não é só pleonasmo, se atendermos ao segundo factor, que é:) e do conhecimento de que dispomos (pois este está na base daquela);

2 - O princípio da precaução, prática comum pelos defensores e praticantes da ética. Segundo este princípio, se não sabemos o futuro, devemos precaver-nos, mudando o rumo se nos apercebemos já que não está a ser o melhor.


Ver com olhos de ver

Amplitude de resposta face à concentração de CO2 atmosférico.
Retirado do livro "Alterações Climáticas em Portugal - Cenários, Impactos e Medidas de Adaptação - Projecto SIAM II", p. 27

Conclusão: a mim não me interessa que parte de alarmismo é que é para levar a sério e qual não é. Nós devemos, isso sim, agir. Acreditando que é melhor que nada fazer. Mesmo que saibamos que os resultados poderão ser uma miragem. Para cada um de nós, digo, devido à nossa curta duração.

(Caso não queira ter trabalho em ler a legenda acima, resume-se a isto: se atingirmos o máximo de emissões de CO2 - ou seja, a partir de então elas serão sempre decrescentes - nos próximos 100 anos, a temperatura continuará a subir, estabilizando-se apenas daqui a cerca de 160 anos. Serve para exemplificar a razão de ser deste artigo.)

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