"A longo prazo..."

"A longo prazo, estaremos todos mortos", dizia ali ao lado o senhor John Keynes, no citador...
Bem, eu não podia deixar passar esta citação assim, sem mais nem menos. Não.

Mas que é esta coisa do tempo?
É uma coisa para se usar ao máximo?
Tipo pastilha elástica, que se cospe quando se lhe acaba o sabor?
Esta nova maneira de encarar o tempo, nascida de hedonistas sem razão, da produtividade e do materialismo histórico, anda a dar cabo de nós.

Se me pautasse por esta ideologia que colhe muito nos tempos que passam, então:
1- Os meus dentes apodreciam, porque não os lavava a cada dia que passa.
2- Morria ao fim de alguns dias, porque não comia a cada dia que passa.
3- Deixava de fazer o que quer que fosse, porque "a longo prazo, estaria morto" e por isso não valia a pena fazer o que quer que fosse.

...

Mas, como eu me pauto por esta ideologia, e como também sou por ela colhido, então:
1- Consumo os recursos naturais com a maior rapidez possível, porque "a longo prazo...".
2- Extingo espécies, destruo habitats, sugo até ao tutano as entranhas da Terra, poluo ao máximo e crio tantas catástrofes como as que não me interessam,... porque "a longo prazo..."
Enfim... Abrevio o longo prazo, porque vivo a curto.

Não reencontremos o ritmo sustentável, não...

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