Braga: circular é viver?

Os transportes públicos de Braga são uma fábula. São transportes, são colectivos, são de passageiros, mas não cumprem a sua função: retirar carros da cidade; transportar as pessoas de forma rápida; criar uma rede fiável com horários alargados e bem definidos, sistematizados a pensar nas áreas de trabalho, residência e lazer. Mas não estão sozinhos na contenda.

Recentemente, vindo eu da Universidade do Minho em Gualtar, decidi, ao fim da tarde fazer a viagem para o centro (Braga Shopping) de autocarro. Assinale-se que este trajecto (faço-o muitas vezes a pé, outras vezes a várias horas de BUS, e compreendo bem que outros o façam de carro) demora cerca de 25 minutos.

De autocarro, pelo menos, no que está estabelecido na volta, serão menos de vinte. Não é muita a diferença, mas a determinadas horas e com chuva é importante. Acresce que, quando mais é necessária, isto é, nos movimentos pendulares casa/trabalho, ou Universidade/casa, de manhã e ao fim da tarde, é um verdadeiro pesadelo. Desde logo, é certo, porque há carros a mais; desde logo porque estaremos em hora de ponta (o que em Braga, no centro, é o dia todo, confinado que está o tráfego a meia dúzia de ruas projectadas para outras andanças); desde logo, porque se estaciona em qualquer lado. Todavia, é importantíssimo esclarecer que na cidade não existem corredores BUS, ou se existem (nas palavras camarárias), são pseudo corredores, em que o transito num dos sentidos (e durante pequeníssimos trajectos e em número reduzido) é permitido apenas a estes, em ruas estreitas, sendo que no outro sentido circulam (e confluem para ambos), carros e autocarros, sempre com apenas duas faixas de rodagem. Normalmente o BUS circula com os outros veículos, com consequências óbvias em termos de tempo, conforto e qualidade final do serviço.

No caso do trajecto que efectuei no autocarro de Celeirós (várias linhas circulam com passagem no centro), após um cruzamento, ainda sensivelmente no início da rua de Santa Cruz (no sentido UM / Centro) a circulação apenas é permitida ao BUS (não se trata de um corredor definido), tal não se verificando no inverso (estamos perante apenas duas faixas). Ora, com saída às 18h45m demoramos uns bons 15m a chegar ao fim da rua, talvez mais. Carros estacionados em ambas as bermas, obras, e simplesmente carros e autocarros a não conseguirem cruzar, não ajudaram. Não se pense que ao chegar à rodovia a coisa melhora. Pelo contrário. Não existindo qualquer hierarquia de ruas, todos os caminhos desaguam na dita. Mais a mais, há muito tempo que esta zona está saturadíssima, enclausurada em trânsito, estacionamentos, prédios, centros comercias. A denominada rotunda do Feira Nova, estava digna de um filme de terror do mais gore que possam imaginar.

Enfim chegados à D. Pedro V (rua relativamente estreita, com apenas duas faixas), já carregando uma boa meia hora de viagem, deparamo-nos com o costume por estas paragens: muito tráfego; carros estacionados em ambos os lados; estacionamentos em segunda-fila (inacreditável), os condutores apenas na conversa (ou para ir buscar o menino); carros em velocidades verdadeiramente celeradas em espaços exíguos (tipo poço da morte); e o BUS que, nesse sentido (durante parte da rua), dispõem de aparente (já que com as intersecções de vias, saídas de estacionamentos e garagens, não se percebe bem) prioridade, simplesmente não consegue passar, porque no sentido contrário circulam também autocarros (o que já é o bastante, pasme-se, para não cruzar a qualquer hora do dia), e carros saídos, literalmente, de todas as direcções. Se juntarmos a isto os estacionamentos, as não cedências de passagem, bem, é impossível…descrever. Acresce que o BUS tem paragens, praticamente em cada cem metros (algum critério?).

Chegados à Rua de São Victor, mais do mesmo. Largo da Senhora a Branca. Paragem.Ufff: quase 45 minutos de viagem.

Este trajecto até nem seria dos piores se existisse um planeamento sério dos transportes. Quando refiro transportes, englobo trajectos de BUS, existência de corredores, controlo do estacionamento, alternativos rodoviários (estamos perante um eixo antigo que liga o centro da cidade a Gualtar e Bom Jesus, e que já foi servido pelo eléctrico até aos anos 1960) e, pedindo muito, pensar a cidade como um todo, já que falamos da …mesma cidade. Relativamente ao civismo e cidadania, estamos conversados.

Uma possibilidade seria também o eléctrico ou o metro de superfície, mas tal deveria ter sido levado em conta aquando da pedonização alargada e mal estruturada de parte importante do centro (mas poderá afigurar-se como alternativa se não pensado como projecto turístico ou pseudo saudosista), e do sistema de transportes que não foi programado para funcionar, em termos práticos, como transporte público. Os problemas não são de hoje, reflectem uma ideia errada de crescimento da cidade que já tem quatro décadas mas que agora se agudizou.

Na realidade nós sabemos que o transporte público em Braga é cogitado em termos sociais e vai de encontro à máxima portuguesas de que quem não tem carro caça com BUS. Ainda é um mini tabu andar de Bus. Coisa de velhotes, alguns estudantes e…pobres. E assim o pensam técnicos e sobretudo o poder político, que, obviamente não os utiliza. Antes de pedirmos a redução da viagem Porto/Braga de comboio para 40 minutos deveríamos reflectir nestes 45, a carvão.

Adenda: Acresce referir que já fui utente diário dos TUB (transportes urbanos de Braga) durante mais de um ano e ainda os utilizo. Voltaremos ao assunto.

Comentários

Caesar disse…
Completamente de acordo. Boa análise.
Realmente é engraçado os bracarenses mobilizar-se para reduzir o tempo de comboio para outra cidade, mas nos problemas internos (tub) é como se estivessem a burrifar...
Anónimo disse…
Já não resido em Braga há algum tempo, mas reconheço o problema que, de facto, já não é de hoje. Não há nem nunca houve interesse político, para além dos interesses..
Excelente artigo.
Rogeriomad disse…
Não percebes nada...

Em Braga todos os circuitos dos TUB são circuitos turísticos.
Devagar para se contemplar paisagem... o bonito património... ;)

Braga já tem Minibus? Ou autocarros pequenos modernos para circuitos urbanos? Ou continua a ter aqueles enormes azuis a cair de podre que fazem "fumaraça" e poluem que nem uns porcos?

Abraço.
Vidal disse…
Organizar e ter uma ideia para uma cidade é, sem dúvida, uma tarefa hercúlea. Se não houver vontade…

No caso particular de Braga, algumas linhas, em determinados troços até funcionam, isto é, funceminam, como se diz por aqui. Não há, de forma alguma, qualquer plano que inclua o transporte público, o crescimento da cidade e as necessidades dos cidadãos. Em alguns casos, quem anda esporadicamente no transporte público não repete a façanha.
Quanto aos autocarros, até já temos (justiça seja feita) uma gama nova, e alguns qualquer coisa green ou eco… com os velhinhos fumarentos pelo meio. Fogachos.
A rede de transportes é uma miragem, bem difundida pelos políticos e técnicos. Quem anda de Bus?, inquiria no outro dia um desses…
Unknown disse…
Compreende-se que isso seja perguntado por eles.

Nem se trata da questão de ganhar credibilidade com os estudos e auditorias que sempre mandam "efectuar". Simplesmente desconhecem de todo o assunto.
Anónimo disse…
Completamente de acordo, também.
Embora nunca tenha frequentado os TUB, porque nunca vivi em Braga, percebo perfeitamente o panorama.

Convivo com essa realidade de muito perto.
Anónimo disse…
Excelente e exacta análise. Como muitas vezes eu fiz esse percurso, entre a universidade e a central de camionagem. Foi quase um martírio:)) que incluía as fantásticas provas de perícia para o motorisata e o autocarro.
O tempo que eu hoje demoro a fazer o percurso de carro entre a universidade e a minha residência (Barcelos)é o mesmo, ou por vezes sensivelmente menos, que o percurso atrás descrito!!!
Há que acrescentar o tempo que por vezes esperava pelo autocarro na central, era interminável, tal como as viagens, que chegavam a durar mais de uma hora, via Bastuço, até Barcelos!!! Só mesmo quem precisa anda de autocarro, ainda bem que já não preciso!
JLS disse…
Nalguns pontos uma simples "faixa bus" faria milagres. O caso da rua D.Pedro V é gritante. Aí não é um problema só dos autocarros, é um problema de trânsito transversal. Também quem vai de carro demora imenso tempo a percorrer aquele trajecto, que noutra hora qualquer, se faz em menos de 30 segundos, indo nas calmas.
Anónimo disse…
Interessante como se gasta tanto tempo com uma matéria e não se fala do essencial, viabilidade económica e financeira da implementação e exploração.

Os TUB lutam para sobreviver necessitando de compensações da Câmara Municipal e sem ter apoios do Governo.

Os TUB são ainda um dos principais motivos do desenvolvimento das freguesias...
Edward Soja disse…
e.l.:
Dizes "ainda bem que já não preciso". Muito bem, mas haverá sempre pessoas a precisar e, a meu ver, será que por cada pessoa que já não se precisa conicide com adicionar mais um automóvel a passar por alí?

jls
E se o princípio da rua é problemático, então a que segue para a Quinta da Armada ainda é pior: mais estreita, normalemente com camiões estacionados (há ali uma fábrica ou um armazém, ainda não percebi bem...) e carros nas bermas. Quando vem um autocarro da universidade para virar para cima, além de ter dificuldades em passar por essa rua, primeiro tem de esperar que todos os que por ela vêm saiam e que haja possibilidade de fazer a curva... quantas vezes eu já vi isto!

Rui Ferreira:

É verdade que os TUB precisam de ajuda? Eu, não sei. Não estou a dizer que não. Apenas desconheço a situação. Mas, deixe-me dizer que acredito nisso (porque tenho para mim que o serviço público está sempre condicionado em financiamento).

Sim, os TUB (ou outros transportes públicos) são factores de desenvolvimento. Mas antes disso está o direito de as pessoas se desolcarem. E lá vamos parar à mesma questão que referi acima.

É preciso condicionar o transporte privado e melhorar a qualidade (oferta, rapidez, preço talvez...). Até que os constrangimentos impostos ao privado nos obriguem a preferir o menos oneroso. (Parece que só quando nos tocam na carteira é que costumamos chamar a polícia... portanto...)

Obrigado pelo comentário.
Dario Silva disse…
... Alto...!
Alguém (mais) reparou que a Coisa não funciona como deveria.... não que funcione "mal"... mas não funciona "bem"...

É notório como chegar da UM (Gualtar) à estação de Braga pode demorar tanto como da estação de Braga ao centro da cidade do Porto...

Dario Silva.
Rogeriomad disse…
Rui...

Aprofunda a "viabilidade económica" de uma rede de transportes. O que precisamos fazer? Que medidas devemos adoptar?
Apenas investimento público? E porque não privado?

Alguns anos dizia-se que a linha de comboio Guimarães-Porto não tinha viabilidade económica. Li isso algures. Até no mesmo artigo estavam a explicar porque Fafe-Guimarães desapareceu (tornando-se em ciclovia) Hoje, após investimento, parece-me que funciona! Ou não terá viabilidade?

No Algarve está mais que sabido que linha de comboio não serve a região! Todos sabemos que apenas serve (e mal) a ligação entre Faro-Lisboa.

A REFER defende (li em jornais) que não faz obras de fundo porque não há mercado, não há "viabilidade económica"...
Apesar dos investimentos recentemente anunciados, como bem sabemos, durante muitos anos, para os membros do Governo, o Algarve só é um prioridade para passarem férias com as suas famílias.

Está mais que sabido que a linha tem mudar o seu trajecto para locais mais próximos das localidades. (Dou-vos um exemplo, no meu concelho, Loulé, a linha nem passa em Loulé, nem em Quarteira! Passa a meio! Está a uns 8 km de cada cidade. Algum quarteirense ou louletano perderá tempo a percorrer essa distância? Nunca!) O próprio PROT Algarve aponta para o investimento na sua rede.
Está mais sabido que o material circulante não é da "idade pedra"... mas é da "idade do meu avô".

Será que alguém pensa em usar uma coisa tão má? Para além da rede o serviço prestado também não é o melhor.

Só por esta razão o Algarve é das regiões com mais movimentos pendulares entre cidades, face à população que tem. Dou-vos exemplo, em Faro temos cerca de 58 mil habitantes, entram na cidade, de manhã (a uma hora específica, não sei indicar qual) cerca de 60 mil automóveis.

A viabilidade económica é fundamental, mas acima de tudo na prestação de serviços públicos, há coisas que não têm viabilidade mas que têm de ser asseguradas para um desenvolvimento harmonioso do território, das populações, etc... Devemos saber promovê-los sempre com qualidade! Procurar novos rumos, novas formas de modernização, promoção, etc...
Caso contrário, mais vale estarmos quietos...
Isto aplicado nos transportes, na saúde, na educação, etc. No que quiseres...

Se de facto a rede não funciona! Terá que ser pensada de outra forma. Se os TUB são da responsabilidade da CMBraga e ela não consegue tomar conta do recado que arranje outras formas de prestar um serviço que orgulhe os bracarenses e quem vos visite!

(Sobre Braga, não sei do que escrevo. Em Faro temos Minubus para "circuitos urbanos mais curtos e para as ruas mais estreitas" e as Urbanas para circuitos periféricos de ligação às restantes freguesias, lugares, que são exploradas pela EVA-Transportes com comparticipação da autarquia. Penso que sejam uma exploração público/privada. Mas mesmo assim não estou ocorrente da situação. Vou colocar-me a par disso).

Abraço

Rogério

P.S: Demorei uns 5 minutos a escrever isto. Por isso não liguem ao que disse...
Rogeriomad disse…
ERRATA:
Onde se lê "entram na cidade, de manhã (a uma hora específica, não sei indicar qual) cerca de 60 mil automóveis."

deve ler-se "entram na cidade diariamente cerca de 60 mil veículos."

O cenário é mais animador, mas mesmo assim continua a ser caótico.


Abraço

Rogério
Rogeriomad disse…
Ah! E recordo que é o concelho que tem 58 mil habitantes, a cidade tem cerca de 45 mil.
Só para terem uma ideia da dimensão. Acredito que no Minho a realidade seja muito diferente, até porque as dimensões de Braga não se comparam com as de Faro.

A cidade de Braga tem cerca de 110 mil habitantes e o concelho 165 mil. Até gostava de saber quantas entradas/saídas regista por dia.
Só para ter uma ideia...
Rogeriomad disse…
ah!...

Entende-se "idade do meu avô" como 100 anos. Se ele ainda fosse vivo, teria essa idade!
Sou bracarense e acho q numa cidade das dimensões de braga não deveria fazer sentido ser obrigatório, na maioria dos casos, possuir carro próprio. O carro devia ser servir apenas para trajectos de média dimensão ou para destinos com falta de transportes.

Como outros bracarenses vejo-me obrigado a pagar algumas centenas de euros por mês para manter a minha viatura (a amortização do investimento e despesas várias) que serve para fazer várias viagens por dia de 3/4 km em média cada uma. Ao não poder fazê-las de transportes públicos, julgo pertinente concluir que estou a pagar uma factura que deveria pertencer à CMB. Quem acreditar naquele inquérito de satisfação que fizeram há tempos sobre os TUB é porque nunca andou de autocarro !

O ser humano, representado pelos seus governantes eleitos, sempre teve uma dificuldade imensa em compreender o significado de colectivo. Tirar carros das cidades ainda não dá votos, mas quando der, os partidos políticos vão ter que perceber que as pessoas deixam o carro na garagem quando conseguirem de forma eficaz, rápida e higiénica (!) fazer um percurso sem ficar mais de 3 minutos à espera do transporte "púbico". É tão simples quanto isto.
Anónimo disse…
É importante realçar que este artigo, muito bem trabalhado e escrito, não surge de nada.
Na imprensa regional, e mesmo nacional, é raro encontrar artigos, com um principio, meio e fim, quer dizer, o problema, o conheimento deste, interpretação e algumas propostas.
Mais conseguir o debate.
Muito bem escrito, técnica, jornalística, e mesmo literariamente.
Parabéns.
Anónimo disse…
Neste assunto a culpa deve ser atribuída não só a CMB não só as pessoas que circulam em Braga mas principalmente ao modelo de fenecimento do governo, ou será justo um utilizador dos TUB para percorrer cerca de 7km paga 1.60 num só sentido e os utilizadores do STCP ou da CARRIS paguem 0.90 para fazer talvez ai uns 14km. Como é possível as frotas dos veículos serem tão desiguais em Braga compra-se autocarros supostamente novos já com 10 ou mais anos de utilização no estrangeiro e nestas outras duas a maioria dos autocarros em circulação não terão mais de 5 anos. Entre muitas outras coisas… Eu ate poderia aceitar uma diferenciação devido as diferentes proporções destas cidades em relação ao resto das cidades portuguesas mas a diferença é astronómica e um habitante de Braga desconta tanto como um de Lisboa e do Porto…
Neste caso estou a referi-me aos TUB e a cidade de Braga mas muitos outros casos iguais ao deste como por exemplo em Coimbra que ao menos mostra bem o seu descontento perante esta descriminação.
http://www.cm-coimbra.pt/imgs/_index/noticias/transpUrbanosCbr.jpg
Anónimo disse…
Vou aqui dar um exemplo que penso que poderia dar bons resultados na cidade de Braga.
Tive a oportunidade de acompanhar o Sporting Clube de BRAGA na sua deslocação a cidade (fantástica e bela) Verona uma cidade muito semelhante em termos de população a cidade de Braga e fiquei muito bem impressionado, o sistema consiste numa espesse de (rede de metro) mas feita em BUS com vários circuitos em que o tempo de espera não ultrapassara os 15 minutos, com paragens nos principais pontos da cidade.
Fica aqui o mapa dos circuitos: http://www.amt.it/linee_orari/index_lineeOrari.asp
Rogeriomad disse…
Caros anónimos...
Pedia-vos para assinarem, nas próximas vezes, nem que seja com um pseudónimo para que possamos responder a cada um individualmente de forma facilitada.
Obrigado!


Eu relação ao financiamento do Governo...
Estamos a falar de rede de transportes de uma cidade (Braga) que pertence a uma determinada região (Minho). As regiões, Associações de Munícipios, Municipios devem ter autonomia para saber gerir da melhor forma a sua rede de transportes. Recordo que não são só entidades públicas que gerem as redes de transportes. E no meu entender, nem devem... só nos casos sociais (assegurar o transporte de idosos, estudantes, doentes, etc.) e até, como é óbvio, assegurar o transporte de RSU para os aterros sanitários (e mesmo neste caso, muitos munícipios têm criado Empresas Municipais para a gestão de resíduos).

O planeamento de uma rede de transportes numa determinada cidade deve ser promovido pela Administração Local (com ligação estreita com os organismos da Administração Central e entidades interessadas no desenvolvimento dos transportes), mas não quer dizer que tenham que ser responsáveis pela sua gestão!

Penso que não devemos ficar dependentes do financiamento do Governo! É melhor não seguir esse caminho... pois estaríamos a caminhar para os lados! Todos sabemos que o Estado não assegura de forma equitativa a distribuição de riqueza, muito menos nos trasportes.
Até parece que não temos um país onde predomina a litorização e a bipolarização do sistema urbano!
A principal aposta dos sucessivos Governos sempre foi no litoral e em Lisboa e Porto! Onde está a maioria da população (claro)...

Face a esta triste realidade...
O restante terriório nacional tem de manobrar da melhor forma o aparelho financeiro para que possa assegurar serviços públicos com qualidade. A qualidade pode ser atingida de várias formas:

- Apostar na reestruturação da rede (PENSAR e ESTUDAR a cidade no seu todo para que se possa programar uma rede equilibrada e funcional para todo o território. O normal, nestes casos, é pensar-se mal e quando tudo corre mal, "deixar andar", deixar tudo como está até que alguém se lembre: "EU PROMETO, se ganhar, que a modernização da rede de TUB será uma prioridade para os próximos 4 anos!"). Ou seja, é necessário existir vontade política e qualidade técnica das equipas que programam/gerem uma rede de transportes! Acima de tudo, precisa-se de criatividade (ideias)!

- Apostar na Inovação, Tecnologia e Modernização das redes é essencial.
O Governo pode dar uma ajudinha, mas depois as AM, os Munícipios, EM - Empresas Municipais ou outras entidades responsáveis pela gestão das redes de transportes é que devem saber traçar as linhas de orientação da futura exploração/gestão.

- Novas formas de financiamento/redução de custos/Qualidade de serviço
Se apostarmos na tecnologia podemos ter que abrir os cordões à bolsa, mas posteriormente colheremos os frutos, certamente);
Autocarros que consumam e poluam menos; Novas técnicas de promoção do produto. Saber usar as novas técnicas de Marketing; Oferta de novos serviços (passe social, turístico, intermodal, etc.); alargar o horário do serviço; etc...

É por isto que a Regionalização era tão boa...
O Minho votou contra. Certo? :P
NrowS disse…
Acabado de chegar de Londres, nem apetece começar a comentar esta questão.
Em terra em que os políticos não vêem mais alémdo seu quintal, nada se faz que possa servir populações tão pequenas como uma de 165 mil pessoas. É difícil?

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